Já pensou em construir seu próprio carro? O mecânico Mássimo Henrique, de 25 anos, montou o carro dos sonhos com peças próprias e adaptados para locais de difícil acesso no Acre.
O veículo começou a ser construído há 16 anos, quando ele ainda tinha 9 anos, e teve uma ajuda pra lá de importante: do pai, Marcos Henrique, que também é mecânico. Ele tem uma oficina com o pai que fica no bairro Vila Ivonete, em Rio Branco.
O veículo dos sonhos de Mássimo se chama ‘O Coisa’. O nome foi dado porque, logo que começou a montagem, as pessoas perguntavam o que ele e o pai estavam construindo e eles falavam que era uma coisa. De tanto falar em coisa, o veículo acabou sendo batizado de ‘O Coisa’.
Cada parte da montagem é fruto de ideias do mecânico e do pai e a inspiração veio de carros grandes, não convencionais: estruturação, motor e detalhes.
“Ele tem um moto de 6 cilindros, MWM, temos a caixa de câmbio que é aplicada na F4 mil, temos a caixa da tração, que é uma das coisas mais tops que tem no carro, e a gente conserva muito, é difícil de achar. Caixa do D60, caixa de tração, câmbio. Temos os diferenciais que foram alterações que fizemos também e começamos a fazer e a colocar peças de caminhão. A suspensão é criação nossa, barra estabilizadora, suporte dos links, adaptação dos freios, que não é de freio a disco”, detalhou.
Além desse carro, Mássimo ajudou a montar outros três veículos na oficina do pai. Ele conta que não pode circular com ‘O Coisa’ pelas ruas de Rio Branco porque, mesmo seguro, o veículo é uma adaptação, não é emplacado e ainda não tem autorização para transitar.
Contudo, o mecânico explica que o objetivo do projeto foi para rally em estradas de terra. “Os ramais que a gente anda são os que não andam ninguém, não andamos em ramal que moram colonos porque isso acaba estragando o carro. Andamos em ramais com a mata fechada, só sabemos que tem uma trilha porque já andamos”, complementou.
Seguro e resistente, o veículo construído por Mássimo e o pai dele já levou uma equipe da Polícia Federal e de outros órgãos para missões em locais quase intrafegáveis. O mecânico deu detalhes da missão.
“Iam ver sobre um desmatamento de um pessoal que estava fazendo e não conseguiram chegar lá com a caminhonete deles. Foram a primeira, segunda e terceira vez [não conseguiram], era em Boca do Acre (AM), tinham curso para fazer, iam pagar hotel, ficar lá e não iam. Chegaram no Acre Jipe Clube e perguntaram sobre uns carros bons que pudessem dar esse suporte lá e chegaram até mim. Foi uma diversão”, relembrou.
Até para levar urnas eletrônicas em locais distantes o carro já foi usado. “As vezes o pessoal tem que levar a urna em ramais inacessíveis e tem que levar e trazer, contratam o serviço do jipeiro para dar o suporte e voltar”, contou.
O Coisa deu forma a mais outros dois carros e ainda tem um outro em fase de construção. Mássimo disse ainda que o custo dessas criações é bem alto, mas que vale a pena cada peça colocada.
“De todos os carros que já dirigi, acho que esse aqui até dormindo consigo sair nele. Criei ele, sei cada defeito, cada detalhe dele perfeitamente”, finalizou.