17 abril 2024

Justiça federal aceita denúncia contra ex-presidente da Aleac e mais nove por suposto esquema de corrupção

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A Justiça Federal aceitou denúncia do Ministério Público Federal contra o ex-presidente da Assembleia Legislativa do Acre, Ney Amorim, e mais nove pessoas acusadas de participarem de um esquema de lavagem de dinheiro por meio de fraude em licitação de contratos de publicidade. A decisão, do juiz Herley da Luz Brasil, da 2ª Vara Federal Cível e Criminal, foi publicada nessa quinta-feira (6).

O grupo foi denunciado pelos crimes de peculato, fraude em licitações, financiamento ou integração de organização criminosa. A denúncia do MPF aponta Ney Amorim como principal beneficiário do suposto esquema. O g1 entrou em contato com o ex-presidente da Aleac, mas não obteve resposta até última atualização desta reportagem.

A decisão da justiça de aceitar a denúncia contra os investigados ocorre após mais de quatro anos desde que a Polícia Federal deflagrou as operações “Hefesto” e “Hora Extra”, que apuravam possíveis fraudes nos contratos de publicidade da Aleac. Na época, sete pessoas foram presas, entre elas, servidores do Poder Legislativo acreano.

No documento, o magistrado traz de forma detalhada a denúncia do MPF. Além de Amorim, estão entre os denunciados:

  • Adalcimar Nunes de Amorim;
  • Francisco Auricélio Rego;
  • Charlene Maria de Lima, que firmou acordo de delação premiada com o MPF;
  • Ednilson Pereira de Aguiar;
  • Rutembergue Crispim;
  • Robson Diego Vidal, também delator;
  • Wellington Barbosa Pessoa;
  • Thiago de Almeida Alencar; e
  • Emanuelle Brasil Oliveira.

 

g1 também não conseguiu contato com os demais citados.

Na delação premiada, a empresária Charlene Lima, segundo consta do documento, confirmou a existência de um esquema de desvio de recursos do contrato de publicidade em proveito da alta cúpula da Aleac.

A denúncia afirma que os recursos foram supostamente desviados por meio de empresas de fachada e contas bancárias de passagem e que chegaram na casa dos mais de R$ 6,7 milhões. Os crimes teriam ocorrido entre os anos de 2012 e 2018.

O documento pontua ainda que a investigação começou a partir de denúncia de tentativa de suborno a servidores da Justiça do Trabalho para encobrir o esquema.

Operação Hefesto apurou suposto esquema de fraude em licitações de publicidade na Aleac — Foto: Divulgação/PF-AC

Operação Hefesto apurou suposto esquema de fraude em licitações de publicidade na Aleac — Foto: Divulgação/PF-AC

Como funcionava esquema:

Conforme a denúncia, o suposto esquema de desvio de recursos ocorria da seguinte forma:

  • A Aleac fazia o pagamento em favor da empresa C.L Publicidade;
  • em seguida, a empresa de C.L Publicidade repassava parte do recurso a empresas subcontratadas para prestar serviços de publicidade junto à Aleac, entre elas Criativa Publicidade Ltda;
  • depois, a Criativa Publicidade realizava saques em espécie em valores expressivos e repassa ao alto escalão da Aleac.

 

Qual seria a participação de cada denunciado:

 

O documento pontua ainda qual seria a participação de cada um dos investigados no suposto esquema.

  • Ney Amorim: teria assinado atos da ‘licitação fraudada’. Segundo o MPF, essa licitação visou a contratação com uma mesma empresa de publicidade, mas com o dobro do valor pago inicialmente, o que possibilitaria o desvio de recursos, sendo o ex-presidente da Aleac o “principal beneficiário” dos saques em espécie .
  • Adalcimar Nunes: ex-Secretário Executivo da Aleac, ele também teria assinado atos da licitação e, segundo MPF, seria o principal operador do esquema, passando a ser, junto à empresária Charlene Lima, a pessoa encarregada da cobrança e recebimento de valores em espécie.
  • Charlene Lima: na condição de empresária responsável pela CL Publicidade esteve de acordo com as solicitações de desvio de recursos dos pagamentos dos contratos de publicidade.
  • Francisco Auricélio da Silva: exerceu o cargo de Secretário Executivo adjunto da Aleac e teria atuado como operador de Ney Amorim, junto com Adalcimar.
  • Rutembergue Crispim: era o subsecretário de Publicidade e Comunicação Social da Aleac e responsável pelo acompanhamento do contrato de publicidade. Nessa condição, assinou justificativa para os aditivos contratuais que aumentaram os valores do contrato. Segundo o MPF, isso teria viabilizado a existência do esquema.
  • Ednilson Pereira Aguiar: seria o operador inicial de Charlene Maria de Lima e quem realizava os saques em espécie por meio da empresa de fachada Criativa Publicidade.
  • Thiago Alencar, assessor parlamentar do Partido Democrático Trabalhista (PDT) e a esposa, Emanuelle Brasil teriam recebido recursos desviados do contrato de publicidade com a Aleac.

 

O magistrado deu um prazo de 10 dias para que os denunciados apresentem suas defesas.

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