7 outubro 2024

Em Cruzeiro do Sul, Família contradiz versão de diretor de presídio e afirma que detento foi espancado até a morte

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A família do detento Omaico da Silva, de 28 anos, que morreu na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital do Juruá, em Cruzeiro do Sul, nesta segunda-feira (19) afirma que ele não passou mal dentro da cela do Presídio Manoel Neri mas, sim, foi espancado até a morte.

O detento cumpria pena por roubo e estava no bloco 4 da unidade prisional, onde não têm pessoas com envolvimento com facções criminosas, de acordo com a direção da unidade.

O carpinteiro Omar de Oliveira, de 54 anos, pai do detento, disse que a família não acredita na versão da direção da unidade de que ele tenha passado mal dentro da cela. Ele falou que o filho tinha várias marcas de espancamento pelo corpo.

“Ninguém nem acredita no que está acontecendo e no que eles [direção da unidade] estão falando porque ninguém do Iapen veio aqui falar com a gente e dizer o que aconteceu que ele e como ele morreu. Eles falaram no jornal que ele morreu de infarto, é mentira deles, o menino está todo quebrado, a gente está vendo que o pescoço dele está quebrado os braços dele estão com os pulsos cortados. Que infarto foi esse que o cara vai se matar? Eles estão mentindo”, afirmou.

Seu Omar falou que além da dor de perder um filho ele agora quer respostas e justiça pelo que aconteceu.

“O corpo dele está todo cheio de marcas de espancamento, queremos justiça, o pescoço dele está quebrado. Eu e minha mulher estávamos na BR, no nosso terreno, quando a minha cunhada ligou avisando. Eles ligaram era meio-dia, a assistência social, então, eles contam no jornal que aconteceu às 23h e ele foi para o hospital e entubaram ele. Quando foi de manhã eles contam que ele morreu, então, de manhã, até meio dia do outro dia é que eles foram ligar, é muito tempo. Na hora em que ele saiu da penal era para eles terem ligado para a família, a gente vai entrar na justiça.”

Pai do detento diz que ele estava com os pulsos cortados e mostra marcas de espancamento  — Foto: Reprpdução

Pai do detento diz que ele estava com os pulsos cortados e mostra marcas de espancamento — Foto: Reprpdução

O que diz a direção do presídio

 

O diretor do presídio, Elves Barros, disse, na manhã desta segunda (19), que no sábado (17), por volta das 22h, a equipe foi acionada com a informação de que um detento estava passando mal na cela.

“Infelizmente, tivemos mais uma ocorrência, já fazia muito tempo que a gente não tinha ocorrência com óbito. Quando a equipe chegou na cela, o preso estava convulsionando, meio que alterado, se debatendo. A equipe fez logo o deslocamento dele para o pronto-socorro, tendo em vista a gravidade da situação. Chegando no PS, por volta de 23h, o médico fez a avaliação dele. Na madrugada de domingo (18), o preso foi conduzido à Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e, pela manhã [segunda, 19], recebi a informação de que ele tinha ido a óbito com o agravamento dos sintomas.”

O diretor da unidade prisional disse ainda que o detento nunca tinha apresentado nenhum tipo de doença e que ele era, aparentemente, sadio.

“A equipe deslocou todos os presos para que a gente possa descartar todas as possibilidades, para que a gente possa ver o que realmente aconteceu. O fato é que foi feito o exame de corpo de delito e estamos nessa incógnita de verificarmos os fatos como realmente eles aconteceram. Ainda estamos em processo aberto, processo de ocorrência. A nossa equipe de coordenadores de Segurança está com a ocorrência em andamento e, futuramente, vamos dar uma resposta do que realmente aconteceu.”

Barros reforçou que em nenhum momento houve omissão de socorro. “Não houve, em nenhum momento, omissão de socorro. Nós, prontamente, conduzimos o preso para o hospital. O preso nunca tinha aparentado nenhuma alteração, nunca tínhamos tido problema com relação a esse detento”, finalizou.

Ao ser questionado em relação aos hematomas que o preso apresentava, o diretor informou que vai aguardar o laudo médico para saber a causa da morte.

“Vamos aguardar o laudo médico para aferir realmente qual foi a causa morte do apenado e, claro, que também será aberto um procedimento administrativo para apurar os demais detalhes relacionados à ocorrência em questão.”

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