28 março 2024

Australiano faz mochilão pelo Brasil, se encanta por Manaus e não quer mais ir embora

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Todos os anos mais de 5 mil turistas internacionais decidem conhecer Manaus, seja pela culinária, pela vegetação ou por toda a cultura regional, segundo dados da Empresa Estadual de Turismo do Amazonas (Embratur).

Apaixonado pelo Brasil, o jovem australiano Simon Gurney, de 26 anos, desembarcou na capital amazonense na última quarta-feira (1º) para dar continuidade ao “mochilão” que está fazendo por todas as regiões do País.

Em entrevista ao A CRÍTICA, Simon, que é professor de inglês, contou como surgiu o interesse pelo Brasil e o motivo que o levou sair da Austrália para desbravar terras brasileiras.

“Sou de Brisbane, mas morei grande parte da minha vida em Sydney onde dava aula de inglês e um pouco de português. Na casa em que morava tinha um grupo de sete brasileiros e foi onde fui apresentado à cultura brasileira, isso no Natal de 2016. A partir daí quis aprender o português brasileiro, fiz amigos, fui praticando, uma coisa leva a outra e hoje estou aqui depois de seis anos”, contou Simon.

Primeiras impressões

Simon está desde outubro do ano passado no País. De lá para cá, pode conhecer diversas cidades do Sudeste e Centro-Oeste.

Quando questionado sobre suas primeiras impressões, o professor australiano não hesitou em dizer que a principal característica do brasileiro é sua energia calorosa.

“Aqui é uma terra muito energética. No Brasil em todo lugar você é muito bem recebido, todo lugar é caloroso e divertido. Eu iria ficar apenas sete semanas. Cheguei aqui depois de uma semana, cancelei minha passagem de volta e já estou completando 13 semanas viajando pelo Brasil”, acrescentou.

‘Estrada pra que te quero’

São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Acre são os estados brasileiros em que o professor de inglês já visitou. Simon ressalta ainda que fez todo esse trajeto por meio de rodovias interestaduais.

“Cheguei em São Paulo no final de outubro, fiquei um mês lá e fiz um tour pelo Sudeste, fui pra Minas, Espírito Santo e Rio. Daí subi para o Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, conheci Cuiabá e as cidades perto, fui para Acre, passei por Humaitá, Careiro Castanho e agora estou aqui Manaus. Fiz tudo pela rodovia, de ônibus”, destacou Simon.

Desafios na língua

Fluente no portugês brasileiro há seis anos, o professor conta que os principais desafios que enfrentou nos primeiros anos aprendendo o idioma foi a flexão de gênero dos substantivos e a conjugação dos verbos.

“A parte mais difícil inicialmente foi a divisão dos gêneros. Em inglês não temos isso, é tudo neutro. Todo substantivo é neutro. Já em português temos o masculino e o feminino. Às vezes nem regularmente, isso é só para confundir o gringo mesmo (sic). Tem também as conjugações dos verbos, mas depois que pega o jeito, fica mais fácil. Até agora a palavra mais difícil que encontrei para falar é ‘manauara'”, brincou o professor tentando pronunciar o termo.

Calor manauara

A maior parte do território australiano possui clima quente e seco, sendo dois tipos: árido e semiárido. Apesar de já estar acostumado com o calor, Simon Gurney está sentindo na pele a sensação térmica que só Manaus consegue proporcionar: chuva e calor.

“A Austrália é quente, mas aqui é ainda mais. Aqui é um calor diferente, muito abafado. Chove muito, depois faz calor, às vezes tudo isso ao mesmo tempo. Eu gosto do calor, mas aqui tem que se hidratar bastante”, ressaltou Gurney.

Cultura regional

Apesar de poucos dias na capital amazonense, Simon já conheceu alguns lugares como o Centro Histórico de Manaus e a Praia da Ponta Negra. O professor pretende conhecer o máximo de lugares possíveis antes de partir para Belém.

“Tenho muita coisa para acontecer. Tudo é muito maior do que eu imaginava. Rio Branco e Porto Velho são cidades um pouco menores. Cheguei e vi quão grande é. Fui à praia da Ponta Negra, tudo muito lindo lá. Eles fecham a pista, uma diversão à noite para todas as pessoas”, contou.

Australiano prova pela primeira vez a bala de cupuaçu (Márcio Silva)

Australiano prova pela primeira vez a bala de cupuaçu (Márcio Silva)

“Ainda vamos para umas trilhas passeio de barco, nadar com botos. Estou muito ansioso para fazer tudo isso, quero muito conhecer a floresta amazônica. Não tenho nem previsão de ir embora”, detalhou o professor turista.

‘Quem come jaraqui, não sai mais daqui’

Bastante ativo nas redes sociais, Simon está relatando tudo o que está fazendo na capital amazonense. O professor contou que está recebendo diversas indicações do que fazer, para onde ir e pratos regionais.

Obras de artistas regionais com temas amazônicos também encantaram o gringo (Márcio Silva)

Obras de artistas regionais com temas amazônicos também encantaram o gringo (Márcio Silva)

“Muita gente tá falando a respeito da comida. O tucumã, jaraqui, tenho o tacacá. Tanta coisa que nem em um mês vai dar para conhecer tudo. Estou pensando inclusive em fazer a tatuagem da frase ‘quem come jaraqui não sai mais daqui”, brincou.

A convite da reportagem, ele experimentou uma série de comidas típicas regionais no Mercadão. Assista:

Sonhos

O professor de inglês possui desenvolveu um aplicativo de ensino de língua inglesa para brasileiros que permite aprender inglês de forma intuitiva e interativa.

“É feito para decorar palavras. Da mesma maneira que o Duolingo usa esse sistema de editar palavras, às vezes selecionar palavras certas, a gente usa áudios porque é assim que você aprende. Nunca entendi esses aplicativos em que você não abre a boca para falar. Essa foi nossa metodologia, nossa filosofia. Tem que aprender por meio da fala”, pontuou.

Com a bagagem cultural que está construindo ao visitar as cidades brasileiras, Simon espera continuar ensinando idiomas para quem tem o desejo de aprender.

“Eu amo idiomas e quero poder ajudar pessoas a aprenderem inglês. Da mesma forma que eu me encantei com a língua portuguesa, quero que eles se encantem com a língua inglesa”, finalizou.

 

A Crítica Manaus

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