Um grupo de pescadores provocou revolta ao capturar e matar um jacaré de aproximadamente 4 metros de comprimento. A ação foi registrada em um vídeo que viralizou nas redes sociais na quarta-feira (10), levando o caso a ser investigado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no Acre.
Nas imagens, dois homens aparecem ao lado do animal já morto, que foi colocado de barriga para cima. Um dos pescadores chega a bater na barriga do jacaré e depois monta no animal, comemorando o abate.
De acordo com o vídeo, a captura ocorreu no Rio Iquiri, na cidade de Senador Guiomard, no interior do Acre. Um dos pescadores afirma: “A gente pega assim jacaré, a gente pesca assim. Olha o que a gente faz. Só o pequeno, o neném, o grande nós vamos pegar mais tarde. Olha aqui o pé dele. Olha meu parceiro, olha a boca dele, do pequeno. Isso aqui é o trabalho que eu faço no Iquiri, para não rasgar a malhadeira”.
Após tomar conhecimento do vídeo, a superintendente substituta do Ibama no Acre, Melissa Machado, informou que uma reunião interna será realizada nesta sexta-feira (12) para discutir o assunto. O órgão ambiental decidirá se tomará alguma medida em relação ao caso.
O tenente-coronel Kleison Albuquerque, comandante do Batalhão Ambiental da Polícia Militar do Acre, afirmou que a equipe policial não atendeu ao caso, pois não se tratava de um flagrante. Ele ressaltou que, geralmente, esses casos em locais isolados são denunciados posteriormente por meio de imagens, e a responsabilidade de investigação cabe à Polícia Civil.
Até o momento, o delegado da cidade de Senador Guiomar, Carlos Bayma, afirmou não ter conhecimento da situação.
A espécie do jacaré foi identificada como jacaré-açu (Melanosuchus niger), endêmica da Amazônia e a maior de todas as espécies. A bióloga Joseline Guimarães destacou que esses animais têm um papel importante no equilíbrio do ecossistema aquático e que cenas como essa entristecem pela total falta de respeito pela espécie.
Vale ressaltar que matar, perseguir, caçar, apanhar ou utilizar espécimes da fauna silvestre sem a devida autorização configura crime ambiental, de acordo com a Lei de Crimes Ambientais. A pena prevista é de detenção de seis meses a um ano, além de multa. A legislação também abrange a destruição de ninhos, abrigos ou criadouros naturais, bem como a comercialização, exposição à venda, exportação ou posse de ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre.