O total de áreas sob alerta desmatamento na Amazônia apresentou uma queda de 33,6% no 1° semestre deste ano em comparação com o mesmo período do ano anterior, segundo dados divulgados pelo Ministério do Meio Ambiente nesta quinta-feira (6).
Os dados sobre o desmatamento no bioma foram coletados pelo sistema Deter, do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe).
O estado do Mato Grosso foi o que registrou o maior aumento de desmate no período, com um total de 905 km².
O secretário-executivo José Paulo Capobianco, apontou que entre os estados, houve uma queda significativa no Amazonas, com 55,2% no primeiro semestre.
“Neste estado houve uma concentração muito grande de ações do Ibama. Parcialmente isso ajuda a explicar essa redução”, comenta Capobianco.
O estado era uma das unidades da federação que apresentavam altos índices de desmatamento e que conseguiram reverter a tendência. O secretário ressaltou ainda que a atual gestão assumiu o comando do combate ao desmatamento com um saldo negativo de 4,8 mil km² de desmatamento equivalentes ao segundo semestre do ano passado. “Nós atingimos o primeiro objetivo que foi rever a tendência de alta”, disse Capobianco.
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, fez um resumo do quadro neste primeiro semestre da gestão Lula: “(Verificamos) tendência de queda consistente do desmatamento na Amazonia, e tivemos elevação no Cerrado”, comentou a ministra. Ela disse ainda que já é possível observar, em alguns estados, tendência de queda do desmate no Cerrado.
Na Amazônia, analisando apenas os dados de junho, houve queda de 41% comparação entre os meses passados e o mesmo mês em 2022.
Os alertas do Inpe são feitos pelo Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), que produz sinais diários de alteração na cobertura florestal para áreas maiores que 3 hectares (0,03 km²) – tanto para áreas totalmente desmatadas como para aquelas em processo de degradação florestal (por exploração de madeira, mineração, queimadas e outras).
Cerrado consolida tendência de alta
Já no Cerrado, o aumento das áreas sob alerta de desmatamento no bioma foi de 21% no primeiro semestre deste ano.
A especialista em conservação Ana Carolina Crisóstomo do WWF-Brasil afirma que os dados são preocupantes. “Estamos cometendo os mesmos erros do passado. O fato é que o bioma sempre foi delegado para um cenário de destruição. E esta postura precisa ser mudada e com urgência. Temos que trazer um novo olhar, deixar de tratá-lo como segundo plano e ressaltar cada vez mais a sua importância, pois sem ele não existe água para a população”, diz Crisóstomo.
Deter x Prodes
O Deter não é o dado oficial de desmatamento, mas alerta sobre onde o problema está acontecendo. O Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes) é considerado o sistema mais preciso para medir as taxas anuais.
De acordo com o último relatório do Prodes, divulgado em novembro, a área desmatada na Amazônia foi de 11.568 km² entre agosto de 2021 e julho de 2022 (o equivalente ao tamanho do Catar).
O índice representa uma queda de 11% do total da área desmatada entre a última temperada (agosto de 2020 – julho de 2021). Na edição anterior, o número foi de 13.038 km², maior número desde 2006.
Apesar dessa queda pontual, o desmatamento na Amazônia cresceu 59,5% durante os quatro anos de governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), a maior alta percentual num mandato presidencial desde o início das medições por satélite, em 1988.
Por: G1 – Meio Ambiente.