Os três irmãos, de 4, 5 e 7 anos, que foram abandonados pelo pai em um motel de Rio Branco, capital do Acre, seguem no Educandário Santa Margarida e ainda sem autorização da Justiça para receberem visitas. A informação foi confirmada ao g1 nesta segunda-feira (10) pela direção do abrigo.
Uma tia das crianças, que não teve o nome revelado, chegou da França em Rio Branco no mês passado para acompanhar o caso e tenta junto com o pai reaver a guarda dos pequenos. A reportagem não conseguiu contato com ela ou com o imigrante até última atualização desta matéria.
“Está na mesma situação ainda. Não tenho nem informação se essa pessoa [tia] continua por aqui, mas as crianças permanecem conosco no abrigo e sem receber visitas de ninguém”, afirmou o coordenador do Educandário, Eduardo Vieira.
A diretora de direitos humanos da Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos de Rio Branco (SASDH), Rila Freze, informou que o imigrante e a irmã dele estão em uma casa alugada em Rio Branco desde que ele teve alta médica do Pronto-socorro no dia 20 de junho e que esperam decisão judicial sobre o caso.
“Esse caso está sendo acompanhado agora pelo Ministério Público, nós enquanto prefeitura fizemos os encaminhamentos e não estamos mais responsáveis, no entanto, eu sigo acompanhando. Tanto o pai quanto a tia das crianças continuam em Rio Branco, em um local alugado até resolver a situação, pelo que eu soube. Esse tipo de processo costuma demorar um pouco mesmo, tendo em vista também ser uma situação de imigração. Agora precisam aguardar avaliação da Justiça”, disse a diretora,
O g1 entrou em contato com o Tribunal de Justiça do Acre (TJ-AC), que voltou a reforçar , como antes, que o juiz Wagner Alcântara, da 2ª vara da Infância e Juventude, disse que não dava informação de processo em tramitação. A reportagem também entrou em contato com o Ministério Público Estadual e aguarda retorno.
A 3ª Promotoria de Defesa da Infância informou em junho que instaurou um procedimento de investigação preliminar sobre o caso e que solicitou um relatório situacional sobre as três crianças e informações sobre atendimento realizado pelo 3º Conselho Tutelar.
Crianças não tinham sinais de maus-tratos
As crianças foram deixadas pelo pai dentro de um quarto de um motel do Segundo Distrito de Rio Branco no dia 14 de junho. A Polícia Militar (PM-AC) foi acionada por funcionários do motel.
O imigrante entrou a pé com as crianças, um menino e duas meninas, foi até um quarto, as deixou no local e foi embora. Uma funcionária, que teria visto a situação, ainda tentou questionar o homem, mas ele não falava português e fugiu.
Os três irmãos não tinham sinais de maus-tratos, estavam alimentados e pareciam bem cuidados, segundo informou o 3º Conselho Tutelar da capital acreana, que atendeu o caso e encaminhou as crianças para o abrigo.
O imigrante foi encontrado no dia seguinte pela Polícia Militar no Polo Benfica, no Segundo Distrito da capital acreana. O homem estava desorientado e com marcas de agressões pelo rosto. Segundo a diretora de direitos humanos da SASDH de Rio Branco, o homem, que é de Guiné, foi levado pela polícia para a Upa do Segundo Distrito e depois para o PS. O imigrante aparentava estar sob efeito de drogas. No entanto, Rila afirmou que não ficou confirmado o uso de entorpecentes.
O delegado Alberto Dalacosta, da Delegacia de Atendimento à Criança e ao Adolescente Vítima (Decav) informou que, por se tratar de um caso que envolve crianças, as investigações estão sob sigilo e, portanto, as informações somente serão levadas a conhecimento do Poder Judiciário.
Por: G1 – Acre.
