O cenário atual das mudanças climáticas tem desencadeado eventos climáticos extremos em diversas regiões do Brasil, afetando as atividades dos produtores rurais e levantando preocupações sobre os impactos do aquecimento global nas lavouras e na economia. Uma pesquisa encomendada pela Bayer, uma grande empresa alemã do setor químico que produz insumos para a agropecuária, realizada em oito países, incluindo o Brasil, revela que 71% dos 800 produtores rurais entrevistados já sentem os impactos, inclusive financeiros, dessas mudanças climáticas em suas fazendas. Especificamente no Brasil, esse percentual sobe para 84%.
Desafios Atuais para os Produtores:
A empolgação gerada pela supersafra brasileira de 2022 a 2023 já é coisa do passado. No campo, o otimismo deu lugar à apreensão, especialmente para os produtores de soja no Cerrado, que aguardam ansiosamente as chuvas regulares da primavera, e os produtores de arroz no Rio Grande do Sul, que enfrentam estiagens em meio a enchentes. O atraso no plantio, resultado das condições climáticas adversas, pode reduzir a produtividade, levando a uma menor oferta do produto no mercado e, consequentemente, ao aumento dos preços.
O Rio Grande do Sul, que responde por 70% dos 10 milhões de toneladas de arroz consumidos no país, está enfrentando um desafio especialmente crítico. As condições climáticas atuais atrasaram o plantio, afetando diretamente a produtividade e a oferta do grão.
Impactos Econômicos e Futuros Desafios:
A pesquisa “Farmer Voice” revelou que 73% dos produtores observaram um aumento de pragas e doenças em suas plantações. Em média, os agricultores atribuem uma perda de 15,7% em seus rendimentos nos últimos dois anos devido às condições climáticas. Alarmantemente, um em cada seis produtores identifica perdas financeiras superiores a 25%.
Os eventos climáticos extremos têm implicações diretas sobre a segurança alimentar global. O presidente global da divisão agrícola da Bayer, Rodrigo Santos, destaca a importância dos agricultores no enfrentamento desse desafio climático. As perdas registradas na pesquisa evidenciam a ameaça iminente que as mudanças climáticas representam para a segurança alimentar.
Perspectivas e Desafios Futuros:
A combinação do fenômeno El Niño com as mudanças climáticas pode ter um impacto significativo sobre a agropecuária e o preço dos alimentos. A previsão aponta temperaturas acima da média e chuvas irregulares nos próximos meses, criando desafios adicionais para os produtores, especialmente na região do Matopiba.
Além disso, culturas como café, citros e hortaliças são mais sensíveis às altas temperaturas, o que pode afetar tanto a qualidade quanto a produtividade desses produtos. O risco de elevação dos preços dos alimentos é iminente, o que pode interromper a atual tendência de deflação observada nos últimos meses.
Os produtores rurais enfrentam uma safra desafiadora, e a incerteza quanto aos efeitos das mudanças climáticas e dos fenômenos climáticos extremos coloca em destaque a necessidade de adaptação e inovação no setor agropecuário para garantir a segurança alimentar no futuro.