29 novembro 2024

‘A minha consciência me condena’, diz mãe da menina Hadassa

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Suellen da Silva Roque é mãe de Kemilly Hadassa Silva, de 4 anos, morta pelo primo Reynaldo Santos, que confessou ter matado e estuprado a menina em Nova Iguaçu — Foto: Beatriz Orle/Agência Globo

Suellen da Silva Roque, mãe da menina Kemilly Hadassa Silva, de 4 anos, estuprada e morta pelo primo, esteve presente, na tarde desta terça-feira, na Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF). Ela foi acompanhada de dois advogados e da tia. Muito abalada, a mulher afirma que errou ao deixar a menina e os irmãos sozinhos em casa. Além disso, ela destaca que não compareceu ao enterro da filha por estar sofrendo ameaças.

 Eu sei que eu errei, não precisa ninguém me condenar porque a minha consciência me condena. Eu não desejo que ninguém passe pelo que eu estou passando. Eu tenho que continuar pelos meus outros filhos, mas por mim eu nem estaria mais aqui. Eu peço a Deus para ele me levar. Nem no enterro da minha filha eu pude ir, eu tenho que ficar escondida, nem me despedi dela. O mais triste é que eu não posso ir para casa, o tempo todo porque as pessoas estão me julgando. O tempo todo eu errei, mas quem nunca errou? Qual é a mãe perfeita? — questiona Suellen.

Suellen defende que não merece ser culpada pela morte da filha e que não teria saído de casa se alguns familiares não estivessem no quintal da residência. A mulher alega não ter imaginado o perigo que as crianças poderiam estar correndo. Ela conta que a última lembrança da filha é dela com o vestido favorito.

 Eu sei que a minha falha foi grave, mas eu também não mereço ser julgada da forma que eu sou porque eu não tenho coragem de matar nem um bicho, nem um animal. Parece que a culpada sou eu, que quem tirou a vida da minha filha fui eu. Se não tivesse gente no quintal, eu juro que eu não tinha deixado os meus filhos sozinhos, eu nem ia para a praça, eu ficaria com as minhas amigas sentada lá embaixo. Se pelo menos tivesse passado pela minha cabeça o que aconteceria, eu não teria deixado a minha filha lá. A última lembrança que eu tenho e dela pegando o vestidinho favorito e dobrando em cima da cama — ressalta Suellen.

Hadassa — Foto: Arquivo da família
Hadassa — Foto: Arquivo da família

Quem é o suspeito?

O suspeito do crime já está preso e é Reynaldo Rocha Nascimento, de 22 anos, primo de segundo grau da mãe de Kemilly. Vizinhos ouviram gritos na casa dele durante a madrugada que o assassinato foi cometido. Na residência ainda foram encontradas manchas de sangue, mas a mãe de Reynaldo teria dito que era sangue de cachorro. Suellen pediu por justiça para que os dois sejam responsabilizados.

A justiça tem que ser feita. A gente pode correr de qualquer uma, mas a gente não pode correr de Deus. Eu não sei o que vai acontecer com o Reynaldo, se ele vai ser solto. Só que existe um Deus no céu e ele vai pagar, dessa ele não escapa — disse Suellen.

Ingridy Souza, advogada de Suellen, salienta que a mãe de Hadassa esteve na DHBF para acompanhar as investigações. Até o momento, a mulher não prestou um novo depoimento. O delegado titular da DHBF, Mauro César da Silva Junior, responsável pela investigação, disse, nesta segunda-feira, que a mãe da criança será investigada. Ela deixou a menina sozinha sob a supervisão de dois irmãos, de 7 e 8, anos, para ir a uma festa.

 A gente veio acompanhar e ver se não tinha algum indício em desfavor da Suellen em razão do abandono de incapaz. Se em algum momento ela precisar prestar um novo depoimento e for indiciada, ela vai colaborar com as investigações. Até o momento, não há nada contra ela. A criação das crianças sempre se deu de uma forma muito precária. A Hadassa tinha aproximadamente 5 meses quando o pai dela morreu. Desde então, a Suellen cria as quatro crianças sozinha e tem dificuldade de trabalhar porque ela não pode deixar os filhos sozinhos. A gente não pode julgar a Suellen agora. Nós não estamos dizendo que ela não cometeu um erro, mas nós queremos deixar claro que nada justifica o fato. Nada justifica um homicídio tão bárbaro — frisou Ingridy.

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