27 novembro 2024

Advogados suspeitos de atuarem como ‘Pombos-Correio’ para chefes de facção no Acre: conheça os envolvidos

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Na última quinta-feira (30), durante uma operação policial conjunta nos estados do Acre (AC) e Espírito Santo (ES), foram presos quatro advogados suspeitos de agirem como intermediários na transmissão de mensagens entre chefes de uma organização criminosa e membros nas ruas. A ação, denominada “Cupiditas”, visava desmantelar a alegada prática desses profissionais que contribuíam para a manutenção e organização dos trabalhos criminosos, uma vez que os líderes estavam cumprindo pena em presídios.

Os advogados presos foram identificados como:

  • Juliana Sousa Pereira
  • João Figueiredo Guimarães
  • Eronildo Macambira Braga Junior
  • Glenda Fernanda Santos Menezes

Pesquisas no Cadastro Nacional dos Advogados (CNA) revelaram que todos estão em situação irregular, e informações adicionais indicam que João Figueiredo Guimarães, de 74 anos, já foi condenado a mais de sete anos por tráfico de drogas. Ele foi flagrado pela Polícia Federal tentando entrar no Complexo Penitenciário de Rio Branco com substâncias entorpecentes e cartas em outubro de 2021, resultando em sua prisão domiciliar.

As prisões foram mantidas após audiência de custódia. O G1 tentou entrar em contato com a defesa de Juliana Pereira, representada por Maria da Guia, mas ainda aguarda retorno. As defesas dos demais advogados não foram alcançadas até o momento.

Em material obtido pelo G1, foram identificadas trocas de mensagens entre os advogados e líderes da facção criminosa atuante no estado, indicando que informações eram repassadas aos advogados para serem transmitidas a outros membros. Além disso, um dos advogados revelou, nas mensagens, negociações para assumir um posto dentro da organização criminosa.

Prints mostram troca de mensagens entre advogado e membro de facção criminosa — Foto: Reprodução

A operação “Cupiditas” contou com cinco mandados de busca e apreensão, sendo cinco cumpridos no Acre e dois no Espírito Santo. Cinco prisões foram realizadas, três no Acre e duas no Espírito Santo. A investigação, que começou em janeiro, revelou que um dos advogados teve contato direto, a mando dos líderes da organização no Acre, com uma importante liderança da facção no Rio de Janeiro.

O delegado da Polícia Federal, Felipe Fachinelli, em coletiva de imprensa, afirmou que muitos detalhes do esquema estão sob sigilo para não prejudicar as investigações. Os nomes dos advogados não foram divulgados, mas a polícia ressaltou que eles atuavam como “pombos-correio”, desempenhando papel crucial na comunicação entre os líderes presos e os membros em liberdade. O delegado também destacou que a operação buscou garantir todas as prerrogativas e direitos dos advogados, com representantes da OAB presentes durante os mandados.

A OAB-AC emitiu uma nota confirmando que tem acompanhado o caso, ressaltando que a Seccional Acre foi acionada para designar uma representação de defesa das prerrogativas dos advogados envolvidos. A entidade afirmou que continuará acompanhando o desenrolar do caso para garantir que os direitos dos profissionais sejam respeitados. A FICCO (Força Integrada de Combate ao Crime Organizado), composta por diversas forças policiais, participou da operação, que contou com um efetivo de 40 policiais e cumpriu mandados judiciais em ambos os estados. Os investigados, inicialmente, responderão pelos crimes de integrar organização criminosa, sujeitos a penas de reclusão de 3 a 8 anos, além de eventuais delitos relacionados.

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