Um estudo revelador do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, o Relatório Nacional sobre a Demência no Brasil (Renade), aponta que as famílias no Brasil enfrentam um ônus significativo no cuidado de membros com demência. Cerca de 73% dos custos associados ao cuidado recaem sobre essas famílias, podendo atingir 81,3%, dependendo do estágio da doença. Essa sobrecarga impacta principalmente os cuidadores, muitos dos quais são mulheres.
O relatório destaca a urgência de oferecer suporte a essas famílias e ressalta a necessidade de serviços de qualidade que atendam tanto às pessoas com demência quanto aos seus dedicados cuidadores. A pesquisa evidencia que além dos custos diretos em saúde, como consultas e medicamentos, os cuidadores enfrentam uma perda significativa de produtividade, com uma média diária de 10 horas e 12 minutos dedicadas às atividades relacionadas ao cuidado e supervisão de pessoas com demência.
A Dra. Cleusa Ferri, psiquiatra e epidemiologista, coordenadora do Projeto Renade, destaca a importância de considerar não apenas a pessoa com demência, mas também o cuidador, ressaltando a necessidade de um maior número de serviços de qualidade para atender às necessidades específicas desse grupo. A pesquisa entrevistou 140 pessoas com demência e seus cuidadores em todo o país, destacando a prevalência de sintomas de ansiedade e depressão entre os cuidadores, que frequentemente precisam abandonar o trabalho para fornecer o cuidado necessário.
Diante do aumento esperado no número de casos de demência até 2050, o estudo sublinha a necessidade de políticas públicas mais eficazes, conscientização da população e desmistificação da doença para enfrentar os desafios associados ao cuidado de pessoas com demência no Brasil.