26 novembro 2024

Quem é Zinho, apontado como ‘maior miliciano do Rio’, que se entregou à Polícia Federal

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Luiz Antonio da Silva Braga, o Zinho, é considerado pelas autoridade o líder miliciano “mais procurado” do Estado do Rio de Janeiro. Foragido desde 2018, ele se entregou à Polícia Federal (PF) neste domingo, 24, véspera de Natal. Zinho está agora na Penitenciária de Bangu 1, de segurança máxima.

Zinho tinha ao menos 12 mandados de prisão, segundo a PF, e só foi capturado após “tratativas entre os patronos do miliciano foragido com a Polícia Federal e a Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro”. Ele se apresentou na Superintendência Regional da PF no Rio.

Ele é conhecido por dominar a zona oeste da capital fluminense, conforme autoridades, lucrando em cima de prestação de serviços clandestinos e ilegais, como a venda irregular de sinais de TV a cabo, licenças para serviços de transporte, venda de gás e cobrança de taxas de segurança dos pequenos comerciantes.

Segundo as investigações, Zinho ascendeu à liderança da milícia da região há dois anos, após a morte de seu irmão, Wellington da Silva Braga, o Ecko. Mesmo sem ter sido militar, foi admitido no grupo criminoso por sua habilidade com as contas e era o responsável, segundo o governo fluminense, por contabilizar e lavar o dinheiro oriundo das atividades ilícitas, conforme o governo.

Zinho e seu sobrinho Matheus da Silva Rezende – conhecido como Faustão ou Teteu – haviam sido denunciados pelo Ministério Público do Rio, em setembro, pelo homicídio do ex-vereador Jerônimo Guimarães Filho, o Jerominho, e de um amigo do político, em agosto de 2022. Jerominho cumpriu mandatos na Câmara do Rio entre 2000 e 2008 e teria fundado a milícia Liga da Justiça.

‘Faustão’, 2º na hierarquia do grupo, foi morto em outubro

Em outubro, Faustão, braço direito de Zinho, foi assassinado durante confronto com agentes da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), o grupo de elite da Polícia Civil fluminense, e do Departamento Geral de Polícia Especializada (DGPE), na favela Três Pontes, em Santa Cruz. Nessa operação, uma criança de dez anos foi baleada de raspão na perna.

Ônibus queimado na região de Santa Cruz, no dia seguinte aos ataques a diversos veículos dos transporte coletivo na zona oeste do Rio, em outubro
Ônibus queimado na região de Santa Cruz, no dia seguinte aos ataques a diversos veículos dos transporte coletivo na zona oeste do Rio, em outubro Foto: Pedro Kirilos/Estadão

Na época, o governador do Rio, Cláudio Castro (PL), parabenizou os policiais que participaram da operação. “Não vamos parar!”, disse Castro, na ocasião. “Hoje demos um duro golpe na maior milícia da zona oeste. Além do parentesco com o criminoso Zinho, ele atuava como ‘homem de guerra’ do grupo paramilitar, sendo o principal responsável pelas guerras por territórios que aterrorizam moradores no Rio.”

Além de Zinho, outros dois nomes são apontados pelo governo como os maiores milicianos do Rio: Danilo Dias Lima, o Tandera; e Wilton Carlos Rabello Quintanilha, o Abelha.

Faustão era o segundo na hierarquia do grupo e, em retaliação à sua morte, os milicianos fizeram ataques em série contra veículos nas ruas da zona oeste do Rio no dia 23 de outubro. Na ocasião, ao menos 35 coletivos foram incendiados. Segundo o sindicato das empresas de ônibus do Rio de Janeiro, foi o maior ataque a ônibus da história do município.

Alguns dias após os ataques, o presidente anunciou uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) nos portos de Santos, Rio de Janeiro e Itaguaí; e aeroportos do Galeão, no Rio, e de Guarulhos, em São Paulo, até maio de 2024. Pelo menos 3,7 mil homens das Forças Armadas foram designados para a operação, que teve início em 6 de novembro.

Um pouco antes da morte de Faustão e dos ataques a ônibus, uma operação em uma casa de Zinho apreendeu grande quantidade de joias e relógios, além de R$ 125 mil em espécie, segundo a polícia. O imóvel dele, no bairro do Recreio, é avaliado em R$ 1,5 milhão.

Por O Estadão

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