Depoimentos prestados por moradores à Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) sugerem que crianças e adolescentes estão sendo cooptados como peões do tráfico por facções criminosas, inclusive para perpetrar assassinatos contra rivais, aproveitando-se de sua inimputabilidade perante a justiça. Entre esses indivíduos, estão inclusos aqueles que sofrem de autismo e distúrbios mentais graves.
Um caso recente ilustrativo é o de André Barroso, um jovem de 19 anos que enfrentava sérios distúrbios mentais e foi morto a tiros na noite do domingo de carnaval (11), em uma área de alto risco no bairro Belo Jardim. André, frequentemente afligido por crises da doença ou sem acesso aos seus medicamentos, costumava vagar pelas ruas do bairro, e acabou sendo alvejado por dois indivíduos no Ramal do Macarrão.
De acordo com relatos de moradores do bairro Belo Jardim à DHPP, o rapaz aparentemente inofensivo estava sendo utilizado para atividades criminosas por uma facção. Esta triste realidade, exemplificada pelo caso de André Barroso, reflete uma tendência preocupante na qual dezenas de pessoas com necessidades especiais ou problemas de saúde mental estão sendo exploradas pelo crime organizado.
No ano anterior, um incidente semelhante ocorreu com Pedro de Souza, de 23 anos, também portador de distúrbios mentais. Pedro foi sequestrado no bairro Calafate, brutalmente assassinado e seu corpo foi desmembrado e jogado no Rio Acre. Até o momento, seu corpo permanece desaparecido.
Pedro, proveniente de uma família reconhecidamente desfavorecida, era usuário de substâncias entorpecentes e ocasionalmente afirmava publicamente fazer parte de uma determinada organização criminosa. Apesar de ser amplamente conhecido que se tratava de uma pessoa com deficiência mental, membros de um grupo rival optaram por sequestrá-lo.
Informações via ac24horas