Mentir é uma prática tão antiga quanto a própria humanidade, e sua celebração, o Dia da Mentira, tem raízes históricas profundas. No entanto, é desde a instituição do Calendário Gregoriano, no século 16, que esta data, 1º de abril, é reconhecida como um momento especial para brincadeiras e enganações.
A reforma do calendário foi uma medida determinada pelo Concílio de Trento (1545-1563), que buscava reafirmar a autoridade da Igreja Católica em meio à Reforma Protestante. Essa reforma alterou não apenas a contagem dos dias, mas também a forma como o ano era dividido, estabelecendo o 1º de janeiro como início do ano.
O Dia da Mentira, então, surgiu como uma resposta bem-humorada a essas mudanças. Na França, onde parte da população se recusou a aceitar a alteração do início do ano para janeiro, os tradicionalistas foram apelidados de “tolos de abril”. A data passou a ser marcada por brincadeiras e enganações como forma de protesto.
As origens exatas do Dia da Mentira são incertas, mas há teorias que o relacionam a festividades antigas, como o Hilária, da Roma Antiga, e o Holi, na Índia. Acredita-se que esses eventos possam ter influenciado a celebração moderna.
No Brasil, a tradição de pregar peças no Dia da Mentira foi introduzida em 1828 pelo jornal impresso mineiro “A Mentira”, que teria publicado a falsa morte de Dom Pedro I em sua primeira edição, lançada justamente em 1º de abril. A ideia era fazer uma brincadeira “mentirosa”, embora Dom Pedro I tenha falecido muitos anos depois, em setembro de 1834, em Portugal.
Além disso, há uma crença de que o Dia da Mentira está ligado à chegada da primavera no Hemisfério Norte, durante o equinócio em 21 de março. A mudança de estação pode “enganar” as pessoas com variações climáticas graduais, contribuindo para o espírito de brincadeira e surpresa desta data.
Independentemente de suas origens específicas, o Dia da Mentira é marcado pela intenção de fazer alguém de “bobo” contando algo que não é verdade. No Brasil, com a popularização da internet, tornou-se comum enviar mensagens com brincadeiras a familiares e amigos, seguidas pela revelação de que a pessoa “caiu no 1º de abril”.