30 abril 2024

Mãe que teve bebê com DIU engravida após laqueadura: “Uma em um milhão de novo”

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Engravidar usando algum tipo de contraceptivo é algo raro. Imagine, então, engravidar duas vezes, e com métodos diferentes? Foi o que aconteceu com a mineira Brenda Nathielle (@be_nathielle), 29 anos, e o marido, Lucas Lopes, de Nova Serrana. O casal já tinha Arthur, 7 anos, e Beatriz, 4, quando decidiu pelo uso de um dispositivo intrauterino (DIU). No entanto, cinco meses depois, um atraso menstrual ascendeu um alerta: “Decidi fazer um teste e… positivo”, conta. “O susto foi enorme”, completou.

Cecília, 1 ano e 11 meses, nasceu saudável. No entanto, no parto da caçula, a mãe resolveu, então, pela laqueadura. “Achei que seria muito seguro. A médica que fez meu parto e a laqueadura, tem quinze anos de experiência, é bem renomada na cidade e nunca havia acontecido uma falha em uma laqueadura feita por ela”, conta. “Os pedaços das trompas retiradas foram enviadas para laboratório, para comprovar que realmente se tratavam das minhas trompas”, completou.

Mas, novamente, um novo atraso menstrual seguido de enjoos, chamou atenção. “Pensei que poderia ser algum mal-estar até que sonhei que estava grávida (risos). Foi, então, que decidi fazer o teste de gravidez e deu positivo”, disse. “Foi o maior susto da minha vida — maior até do que quando engravidei com DIU, pois jamais imaginei que poderia acontecer duas vezes com a mesma pessoa. No caso, eu! Fiquei três dias chorando sem conseguir comer, muito assustada. Não era tristeza, sabe? Mas realmente me pegou muito de surpresa. Até hoje, não consigo dormir direito”, admite.

Brenda conta que o marido ficou tão assustado quanto ela com a notícia. “Ficou sem apetite, em silêncio por uns dias. Mas, agora, me acolheu e está me dando muito suporte, psicologicamente falando, que é o principal”, afirmou. Passado o susto, a família está se acostumando com a notícia da chegada de mais um bebê.

Brenda com o marido e os dois filhos (Foto: Arquivo pessoal) — Foto: Crescer
Brenda com o marido e os dois filhos (Foto: Arquivo pessoal) — Foto: Crescer
Cecília om o DIU, que foi retirado logo após seu nascimento (Foto: Reprodução/Instagram) — Foto: Crescer
Cecília om o DIU, que foi retirado logo após seu nascimento (Foto: Reprodução/Instagram) — Foto: Crescer

“Hoje, estamos mais tranquilos e até fazendo planos com essa nova vida que vem por aí. Estou entrando na sétima semana”, completou. “Sei da taxa de falha, sei que nenhum método é 100% eficaz, mas já havia passado por esse susto com o DIU, então, não imaginava que passaria novamente. Um raio cai duas vezes no mesmo lugar, sim”, finalizou.

Sobre a laqueadura

É um procedimento cirúrgico em que as tubas uterinas são cortadas ou bloqueadas. É possível engravidar após a laqueadura? Segundo Alexandre Pupo, é raro, mas pode, sim, acontecer. “A taxa de falha é de 0,3% a 0,5%, principalmente no primeiro ano após o procedimento. Isso significa que uma em cada 200 mulheres submetidas ao procedimento pode engravidar”, diz. “O processo de cicatrização leva cerca de 21 dias e, a partir daí, a passagem para os óvulos e espermatozoides fica bloqueada. No entanto, existe a possibilidade de, no processo de cicatrização, eventualmente, ocorrer a recanalização. Isto é, a trompa pode recanalizar, pode reabrir o caminho, por diversas razões”, explica. Portanto, de acordo com o obstetra, caso a mulher engravide, não deve ser considerado um erro ou negligência do cirurgião.

Por outro lado, ele esclarece que para quem já fez a laqueadura há alguns anos, as chances de engravidar são menores. “A cada ano que passa, é menos provavel que haja falha”, afirma. “Mas, é claro, é um método que pode falhar, como qualquer outro. Nenhum método de anticoncecpção é 100% eficaz”, enfatiza.

Porcentagem de mulheres que tiveram uma gravidez não intencional no primeiro ano de uso do método (perfeito uso): 0,5%.

Sobre o DIU de cobre
Um dispositivo em formato de “T”, feito de cobre. Ele é colocado dentro do útero e pode ficar lá por até 10 anos. O cobre causa uma inflamação nas paredes internas do útero e altera as características do muco cervical. Isso cria um ambiente “ruim” para os espermatozoides, que não conseguem fecundar o óvulo.

Segundo o obstetra André Luiz Malavasi, diretor da Ginecologia do Centro de Referência da Saúde da Mulher do Estado de São Paulo – Hospital Pérola Byington, os DIUs são o que há de mais moderno em contracepção no mundo. “Mas é importante lembrar que não existe método 100% seguro. O risco de o dispositivo sair do lugar existe para os de cobre e de prata”, ressalta. O obstetra Alexandre Pupo Nogueira, do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, complementa afirmando que, quando a mulher engravida usando o dispositivo, basicamente, ele é removido ainda no início da gestação. “Ele possui um fiozinho guia que permite, com uma pinça, puxá-lo pra fora. E isso, via de regra, não afeta o desenvolvimento da gestação”, destaca.

Porcentagem de mulheres que tiveram uma gravidez não intencional no primeiro ano de uso do método (perfeito uso): 0,6%.

Sobre o DIU hormonal
É um dispositivo em formato de “T”, inserido dentro do útero. Ele pode ficar lá por até 8 anos e vai liberando, aos poucos, um tipo de progesterona sintética. Esse hormônio faz com que o muco cervical fique mais espesso, dificultando a passagem dos espermatozoides e, consequentemente, impedindo a fecundação. O revestimento do útero (endométrio) também fica mais fino, atrapalhando que o óvulo se fixe na parede do órgão e que ocorra a nidação. “Embora libere hormônio, esse tipo de DIU não vai impedir a ovulação. Ele acaba agindo como se fosse um método de barreira, a ação dele é muito local”, diz a especialista.

O obstetra André Luiz Malavasi explica que o risco do dispositivo sair do lugar só existe para os DIUs de cobre e de prata. Para o hormonal, não. “Ele só perde a eficácia se for expelido pelo organismo”, afirma. O principal cuidado para as mulheres que optam por esse contraceptivo diz respeito às revisões.

Porcentagem de mulheres que tiveram uma gravidez não intencional no primeiro ano de uso do método (perfeito uso): 0,2%.

Por Sabrina Ongaratto/CRESCER

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