28 junho 2024

Nova espécie de ave da Caatinga é descoberta através de pesquisa

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Macho da espécie recém-descoberta (Sakesphoroides niedeguidonae) possui face preta — Foto: Pablo Cerqueira

Um grupo de pesquisadores revelou a descoberta de uma nova espécie de ave na Caatinga, originada de variações históricas no Rio São Francisco e influenciada por oscilações climáticas ao longo de um milhão de anos. A espécie, nomeada como Sakesphoroides niedeguidonae, foi identificada após análises genéticas que revelaram divergências moleculares, diferenças de plumagem e de canto em relação à espécie choca-do-nordeste (Sakesphoroides cristatus).

O estudo, publicado em parceria entre o Instituto Tecnológico Vale (ITV), o Museu Paraense Emílio Goeldi e as universidades federais do Pará (UFPA) e do Rio Grande do Norte (UFRN), envolveu a análise de 1.079 aves, incluindo exemplares preservados em museus, fotografias digitais, gravações sonoras e amostras de material genético. Foram estudados também registros de ocorrência para estimar a história genética e as relações de parentesco entre as linhagens.

Fêmea da nova espécie (Sakesphoroides niedeguidonae) possui crista amarelada — Foto: Pablo Cerqueira

Os resultados revelaram dois padrões distintos no canto das aves, correlacionados com diferenças na plumagem das fêmeas, e uma variação genética de 1,8% entre os grupos, evidenciando a existência de uma nova espécie. Segundo Alexandre Aleixo, pesquisador do ITV-DS e autor do artigo, essa descoberta abre espaço para a descrição de outras novas espécies na Caatinga, especialmente se considerar dados moleculares nos estudos.

Pablo Cerqueira, pesquisador-bolsista do ITV e primeiro autor do artigo, destaca que o estudo revelou um novo padrão evolutivo para as aves da região, indicando que ainda há muito a ser explorado. Além disso, o estudo pode contribuir para a criação de estratégias de proteção para essas espécies e para o ecossistema como um todo, considerando os impactos do desmatamento e do aumento de temperatura.

Paisagem da Caatinga, bioma onde ocorrem os indivíduos da nova espécie — Foto: Pablo Cerqueira

A pesquisa também planeja continuar testando esses padrões em outras espécies com distribuição similar na Caatinga, além de trabalhar com genomas completos para compreender melhor a relação entre a nova espécie e suas espécies irmãs.

Via G1.

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