31 outubro 2024

Tubarões nas águas costeiras do Rio de Janeiro estão expostos à cocaína, revela estudo

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Pesquisadores encontraram resquícios de cocaína em 13 espécimes de Rhizoprionodon lalandii no Brasil — Foto: Levi Sá/biodiversity4all

Em um estudo publicado no periódico Science of the Total Environment, cientistas brasileiros revelam indícios de que tubarões estão expostos à cocaína nas águas costeiras do Rio de Janeiro. A pesquisa encontrou resquícios da droga em 13 tubarões-bico-fino (Rhizoprionodon lalandii), especificamente em seus músculos e fígados.

Os pesquisadores estavam curiosos para saber se esses tubarões, que passam a vida inteira em águas costeiras, poderiam ser expostos à cocaína. De acordo com a revista Science, o ecotoxicólogo Enrico Mendes Saggioro, do Instituto Oswaldo Cruz, sugeriu que esses animais poderiam estar entre as espécies com mais chances de absorver a droga, fosse diretamente da água, dos peixes que consomem ou de pacotes de droga que acabam no mar.

Ao contrário dos predadores mais conhecidos, a população desse tipo de tubarão brasileiro tende a ser composta por jovens e pequenos adultos, medindo cerca de 52 centímetros de comprimento e pesando menos que um litro de leite. A equipe adquiriu 13 tubarões de pequenas embarcações de pesca que focam nessa e em outras espécies. Após dissecarem os animais no laboratório, os cientistas realizaram testes nos tecidos dos músculos e dos fígados usando uma técnica chamada cromatografia com espectrometria de massa. Todas as amostras testaram positivo para cocaína, com concentrações cem vezes maiores do que já foi reportado em outras criaturas aquáticas.

As fêmeas analisadas estavam grávidas, mas ainda não se sabe qual efeito a exposição à cocaína pode ter nos fetos. Uma das preocupações expressas na pesquisa é como a presença da substância no fígado do tubarão pode atrapalhar a produção da vitelogenina, proteína que se torna a gema dos óvulos. A análise também não revelou qual o efeito da cocaína no comportamento dos tubarões.

Saggioro e seus colegas ressaltam a necessidade de mais testagens para entender a origem da droga. Como esses peixes fazem parte da alimentação popular no Brasil, podem causar sérios riscos à saúde caso sejam contaminados

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