Pouco mais de 11 meses após a violenta agressão ao professor Paulo Henrique da Costa Brito, de 21 anos, o empresário Adriano Vasconcelos Correa da Silva, acusado pelo crime, teve a acusação de tentativa de homicídio desclassificada para lesão corporal grave. O caso ocorreu durante uma discussão em um bar no Centro da cidade de Brasiléia, no interior do Acre, no dia 3 de outubro de 2023.
Brito, que havia acabado de sair do trabalho e parou para tomar um chopp com amigos, foi brutalmente agredido, resultando na perda de seu olho esquerdo. Na época, a Polícia Civil indiciou Silva por lesão corporal grave após a conclusão do exame de corpo de delito, que confirmou a gravidade das lesões. A agressão foi registrada por câmeras de segurança, e ocorreu ao lado de uma viatura da Polícia Militar.
Após o indiciamento, o Ministério Público do Acre (MP-AC) denunciou Silva por tentativa de homicídio, argumentando que a agressão havia sido motivada por futilidade. Contudo, por falta de provas suficientes que demonstrassem a intenção de matar, o próprio MP-AC pediu a desclassificação do crime, que foi acatada pela Vara Criminal da Comarca de Brasiléia. A defesa do empresário concordou com a mudança, e Silva agora responderá por lesão corporal grave em vara comum.
Agressão deixou marcas físicas e emocionais
Professor mediador de crianças atípicas, Paulo Brito ainda lida com as consequências da agressão quase um ano após o ocorrido. Além da perda de visão, ele sofre com o impacto psicológico e físico da violência. Brito aguarda uma cirurgia para reconstrução do canal lacrimal, danificado pela agressão, o que causa lacrimação constante no local onde o globo ocular foi removido. No entanto, ele enfrenta a burocracia e a morosidade do Sistema Único de Saúde (SUS) para realizar o procedimento, já que a operação não pode ser feita no Acre, necessitando de Tratamento Fora de Domicílio (TFD).
“É desanimador, para falar a verdade. Já faz um ano e o agressor nem sequer me procurou para pedir desculpas. Estou numa fila aguardando uma cirurgia que deveria ter sido feita como emergência. O que me resta é esperar”, desabafou Brito.
Brito também relata a dificuldade de se adaptar à nova realidade de viver com a visão reduzida. Ele menciona que, por morar em uma cidade pequena, Epitaciolândia, frequentemente se depara com o agressor em locais públicos, o que torna o processo de superação ainda mais desafiador.
Apoio da família e esperança de justiça
Apesar de tudo, Brito reconhece o apoio crucial da família, amigos e da comunidade que se solidarizou com seu caso. Ele segue esperando por uma resposta da Justiça e deseja que o agressor seja responsabilizado pelos danos irreparáveis que sofreu.
“Minha vida mudou para sempre. Fui atingido de forma covarde, e minha família também foi profundamente impactada. O que eu espero é que a Justiça seja feita, porque agora vivo com uma deficiência que carrego para o resto da minha vida. Mas sou grato pela vida que tenho, e sigo tentando ser forte e lutar pelos meus sonhos, mesmo numa nova realidade”, concluiu o professor.