21 outubro 2024

Alimentos da produção familiar percorrem longa jornada até chegar ao prato dos estudantes no Acre

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Na comunidade localizada no km 36 da Estrada Transacreana, em Rio Branco, a terra fértil da Associação de Produtores Rurais Árvore Viva gera muito mais do que hortaliças. Dali, brotam produtos como a couve, que, após uma jornada de dedicação e logística, chega ao prato de milhares de estudantes nas escolas públicas do Acre. O que para muitos parece uma simples refeição, para os agricultores locais representa o resultado de um trabalho árduo e comprometido.

Nesta segunda-feira, 21 de outubro, no Dia Nacional da Alimentação nas Escolas, celebra-se não só o alimento que chega às mesas dos estudantes, mas também o caminho percorrido por esses produtos, essenciais para garantir a nutrição de milhares de jovens.

Programa alimenta milhares de estudantes em todo o estado

O programa Prato Extra atende diariamente 620 escolas nos 22 municípios acreanos, incluindo os quatro de difícil acesso, beneficiando mais de 125 mil alunos. Estudantes de ensino parcial recebem duas refeições diárias, enquanto os de tempo integral têm direito a três refeições. Os pratos são planejados para garantir a nutrição necessária e também valorizar o trabalho dos agricultores que produzem os ingredientes.

“Este programa foi um dos melhores para nós”, afirma Rozilene Teles, presidente da Associação de Produtores Rurais Árvore Viva, formada majoritariamente por mulheres. “Antes, perdíamos grande parte da produção. Agora, com a merenda escolar, tudo o que plantamos é aproveitado, desde a couve até o maxixe e a pimenta”, comemora Rozilene.

A produção dessas famílias agricultoras vai além da simples venda de alimentos. No Acre, mais de 60% dos recursos da merenda escolar são destinados à agricultura familiar, superando o mínimo exigido por lei, que é de 30%. Até outubro de 2024, o governo do Acre já havia investido cerca de R$ 40 milhões em recursos próprios e mais R$ 14 milhões do Fundeb, por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), fortalecendo a economia local e garantindo comida saudável nas escolas.

O trajeto do campo ao prato

A jornada da couve começa no campo, onde agricultores familiares como Rozilene cultivam seus produtos com dedicação e práticas sustentáveis. “Não usamos veneno, apenas defensivos naturais, como folhas de mamona e pimenta-do-reino”, explica Rozilene, ressaltando o cuidado com o processo de produção.

Após a colheita, os alimentos seguem para o centro de distribuição, onde são rigorosamente selecionados por profissionais da Secretaria de Estado de Educação e Cultura (SEE). “Nossa responsabilidade é garantir que os alimentos cheguem com a qualidade que as crianças merecem”, afirma Lorena Machado, nutricionista e chefe da Divisão de Nutrição da SEE.

Impacto na educação e na vida dos alunos

Na Escola Armando Nogueira, em Rio Branco, a couve, depois de sua longa jornada, chega ao prato de estudantes como Letícia Andrade, que se surpreende ao descobrir a origem do alimento: “É gratificante saber que esse alimento vem do trabalho de uma associação formada por mulheres”. As hortaliças integram cardápios variados, que incluem desde mingaus e cuscuz com ovos até refeições completas com arroz, feijão e carne.

Rozilene expressa sua satisfação em ver o impacto de seu trabalho nas escolas: “É maravilhoso saber que o que plantamos está sendo servido para nossos filhos e netos”, declara, orgulhosa do papel que desempenha na alimentação das futuras gerações.

Tecnologia aprimora o sistema de alimentação escolar

O sistema Alimentação Escolar Inteligente (AEI), implementado pelo governo do Acre, otimiza todo o processo de compra e distribuição dos alimentos, garantindo que nada falte para os alunos. “Agora, conseguimos acompanhar em tempo real o que está sendo entregue nas escolas e o que está em falta”, explica Lorena Machado, destacando a importância da tecnologia para assegurar a qualidade da alimentação escolar.

Para Rozilene, a maior recompensa está em saber que sua produção está ajudando a alimentar e educar milhares de crianças. “Ver que estamos contribuindo para um futuro mais saudável para essas crianças não tem preço”, conclui.

Ao final, a jornada dos alimentos cultivados no campo não apenas nutre, mas também fortalece a esperança e o futuro de milhares de estudantes, mostrando que o trabalho dos agricultores familiares é essencial para o desenvolvimento das novas gerações.

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