Há 80 anos, Oskar Schindler arriscou sua própria vida para salvar centenas de judeus da morte durante o Holocausto. Sua lista se tornou um símbolo de esperança em meio ao horror, garantindo a sobrevivência de homens, mulheres e crianças que enfrentavam a perseguição nazista. A “Lista de Schindler” é lembrada até hoje como um marco de coragem, altruísmo e compaixão em tempos de trevas.
Em Sena Madureira, contudo, outra lista emerge — não de salvação, mas de dor. Após a derrota de Gilberto Lira, candidato apoiado por Mazinho Serafim, uma onda de demissões começou a varrer a prefeitura da cidade. Centenas de funcionários provisórios, que já enfrentavam incertezas, agora veem seus nomes inscritos na “Lista de Mazinho Serafim”. Uma lista de cortes, de desemprego e de sofrimento. Estima-se que até 800 pessoas poderão perder seus empregos nas próximas semanas, enfrentando o pior Natal e final de ano de suas vidas.
Se Schindler, em meio à maior tragédia humanitária do século XX, usou sua posição de poder para salvar vidas e preservar a dignidade, Mazinho Serafim parece caminhar na direção oposta. Após a derrota política, o atual prefeito de Sena Madureira opta por retaliar, demitindo em massa aqueles que, muitas vezes, sustentam suas famílias com esses empregos temporários. Em vez de assumir a responsabilidade por uma administração marcada por promessas não cumpridas, especialmente nos bairros mais carentes, o prefeito parece canalizar sua frustração contra os mais vulneráveis.
Esses servidores, em sua maioria, são trabalhadores humildes, pessoas que, ao longo dos últimos anos, garantiram o funcionamento básico da administração municipal, mesmo quando as condições de trabalho eram longe do ideal. E agora, ao serem dispensados sem qualquer tipo de planejamento ou consideração, enfrentam um futuro incerto. Para muitos, a demissão não representa apenas a perda de um salário, mas a destruição de sonhos e a certeza de um final de ano amargo.
A “Lista de Mazinho” não será lembrada como um símbolo de redenção ou de compaixão, mas como um exemplo de como o poder pode ser usado para punir ao invés de proteger. A diferença entre Schindler e Mazinho Serafim vai além do tempo ou do contexto: enquanto um reconhecia o valor da vida humana em qualquer circunstância, o outro parece tratar trabalhadores como números descartáveis, empurrando centenas de famílias para o desemprego em meio a uma crise que ele mesmo ajudou a criar.
Se há algo que Schindler nos ensina, é que o verdadeiro poder está em reconhecer a humanidade dos outros, em momentos de crise ou vitória. Mazinho, ao invés de promover retaliações, deveria refletir sobre seu legado — e o impacto que suas decisões terão nas vidas daqueles que ele agora abandona. Afinal, a grandeza de um líder se mede, não pela vitória nas urnas, mas pela capacidade de manter a dignidade, mesmo em meio à derrota.