Depois da operação da Polícia Federal que prendeu cinco acusados de arquitetar um plano para matar o presidente Lula (PT), o vice Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, aliados de Jair Bolsonaro (PL) alinharam o discurso para blindar o ex-presidente e o general Walter Braga Netto, vice da chapa derrotada em 2022. Lideranças do Centrão que foram próximas a Bolsonaro durante o mandato dele, no entanto, não se manifestaram até agora sobre a investigação.
Entre eles, estão o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o senador e presidente nacional do PP, Ciro Nogueira, que foi ministro da Casa Civil na gestão do ex-presidente. Lira chegou a ser perguntado sobre a operação ao adentrar a Casa na terça-feira, mas disse que não falaria do assunto. Ele, Valdemar e Ciro Nogueira foram procurados pelo GLOBO para se manifestar, mas não o fizeram.
Já o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), classificou as revelações da Polícia Federal como “extremamente preocupantes” e ressaltou que o grupo “tramava contra a democracia, em uma clara ação com viés ideológico”. A revelação do plano — cujo documento com os detalhes táticos para a execução foi imprimido dentro do Planalto — evidencia, segundo integrantes da política e do Judiciário, que não é possível falar em anistia a golpistas no momento. Os bolsonaristas, contudo, discordam.
— Às vezes falamos coisas da boca para fora, não há crime nisso. Os atos introdutórios não são crimes. Precisamos de uma anistia para passar uma pedra nessa história do Brasil — afirmou o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
Eduardo segue a estratégia de martelar que, se o ato não foi consumado, não há motivos para penalizar os investigados. Apesar disso, o crime de abolição do Estado Democrático de Direito também inclui o verbo “tentar”. Com o planejamento e parte da execução do plano já em mãos das autoridades, há uma vereda aberta para que as acusações sejam feitas.
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) adotou discurso semelhante.
— Essa situação de hoje não era nem para ter inquérito aberto. Vontade de matar alguém, todo mundo alguma vez na vida já teve. Por mais que seja abominável esse sentimento, não é crime — disse durante sessão da Comissão de Segurança Pública.
Via O Globo