O Brasil conseguiu reduzir suas emissões de gases de efeito estufa em 12% em 2023 em comparação com o ano anterior, conforme revelou o Observatório do Clima nesta quinta-feira (7). Em 2023, o país emitiu 2,3 bilhões de toneladas de gases, contra 2,6 bilhões no ano de 2022, marcando a maior queda percentual desde 2009.
A principal razão para essa redução foi a diminuição do desmatamento na Amazônia, que registrou uma queda de 37%, passando de 1,074 bilhão de toneladas de gás carbônico equivalente para 687 milhões de toneladas. No entanto, a devastação de outros biomas, como o Cerrado, Caatinga, Pantanal e Mata Atlântica, gerou um aumento nas emissões, totalizando 1,04 bilhão de toneladas de GtCO2e.
David Tsai, coordenador do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), afirmou que a redução das emissões é um bom sinal, mas ainda reflete a dependência do Brasil da Amazônia para atingir suas metas climáticas. “A queda nas emissões em 2023 é uma boa notícia e coloca o Brasil na direção certa para cumprir sua Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC), mas ainda estamos excessivamente dependentes do que acontece na Amazônia”, destacou.
Enquanto as emissões por desmatamento na Amazônia diminuíram, o desmatamento e queimadas em outros biomas aumentaram, com destaque para o Pantanal, que teve um aumento de 86%. A pesquisadora Bárbara Zimbres, do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), alertou para o “vazamento” de desmatamento para outras regiões, uma situação que precisa ser resolvida urgentemente para que o Brasil alcance suas metas de mitigação climática.
No que diz respeito ao uso da terra, que responde por 46% das emissões totais do país, a agropecuária continua sendo um grande desafio, com aumento de 2,2% nas emissões relacionadas ao setor. A maior parte das emissões vem da fermentação entérica do rebanho bovino, destacando o papel do setor na emissão de metano.
Os setores de resíduos e energia também registraram aumentos nas emissões, de 1% e 1,1%, respectivamente. No setor energético, o aumento do consumo de combustíveis fósseis, como óleo diesel e gasolina, foi o principal responsável pela elevação nas emissões de CO2.
Embora as emissões de queimadas de pasto e vegetação nativa tenham caído, o Observatório do Clima alerta que essas emissões, apesar de não entrarem no inventário nacional, têm se tornado cada vez mais significativas diante da crescente ameaça de incêndios devido à mudança climática.
O Brasil ainda enfrenta grandes desafios para reduzir suas emissões de forma consistente, especialmente em setores como a agropecuária e a proteção de outros biomas além da Amazônia. O foco agora será construir um plano de descarbonização que envolva uma transformação econômica mais ampla, com ações concretas para reduzir as emissões em todas as áreas.