A China revelou planos ambiciosos para lançar 25 mil satélites em múltiplas órbitas, com o objetivo de estabelecer megaconstelações de comunicação que possam superar a Starlink, tanto em número quanto em qualidade de serviço. Empresas chinesas pretendem oferecer internet banda larga via satélite com melhor desempenho e preços mais acessíveis, buscando liderar o mercado global.
Esse projeto inclui a soma das constelações Guowang, com 13 mil satélites, e o G60 Starlink, com 12 mil. Recentemente, a China deu início ao lançamento dos primeiros satélites de sua constelação de banda larga em órbita média (MEO). Em 8 de maio, um foguete Long March 3B decolou do Centro de Lançamento de Satélites de Xichang, no sudoeste do país, transportando os satélites Smart Skynet-1 (01) A e B.
Desenvolvidos pela Shanghai Academy of Spaceflight Technology (SAST) para a Tsingshen Tech, os satélites possuem tecnologias avançadas, incluindo links de micro-ondas e laser, múltiplos feixes de comunicação e capacidade de processamento digital a bordo. Esses recursos serão usados para validar tecnologias de conectividade flexível entre satélites e a transmissão de dados para a Terra.
A constelação Smart Skynet, gerida pela Tsingshen Tech, começa com oito satélites em órbita média a 20 mil quilômetros e pode ser expandida para 32 satélites. O sistema oferecerá conectividade global sem pontos cegos, sendo integrado a outras constelações em órbitas baixa (LEO) e geoestacionária (GEO).
O plano faz parte do “Plano de Ação de Xangai para Promover o Desenvolvimento Aeroespacial Comercial (2023-2025)” e é apoiado pelo governo local e nacional. O projeto G60 Starlink, centrado em Xangai, prevê o lançamento inicial de 108 satélites e um total de 12 mil unidades em sua conclusão.
Além disso, o projeto Guowang, que inclui 13 mil satélites LEO, e iniciativas como a China Satcom, que opera satélites GEO, reforçam o compromisso da China em expandir sua infraestrutura de comunicação espacial. A China planeja realizar cerca de 100 lançamentos em 2024, consolidando sua presença como líder global no setor aeroespacial.
Impactos globais e desafios
A expansão chinesa em satélites promete transformar a conectividade global, especialmente em regiões remotas e de difícil acesso. No entanto, a proliferação de megaconstelações apresenta desafios, como a gestão do tráfego espacial e a mitigação de detritos orbitais.
Atualmente, existem 9,7 mil satélites ativos orbitando a Terra, dos quais 5,4 mil pertencem à Starlink, representando 56% do total. Com o lançamento contínuo de foguetes Falcon 9, a Starlink planeja alcançar 12 mil satélites até 2027.
Conexões via Starlink no Brasil
No Brasil, a Starlink tem transformado a conectividade em áreas remotas. Em Paunini (AM), município de 19 mil habitantes na Amazônia, 94 antenas da Starlink estavam em operação em 2023. O serviço também tem sido usado em propriedades rurais, como a de Marcos Spinella, criador de gado em Tocantins, que relata melhorias significativas na conectividade da fazenda.
Entretanto, o governo brasileiro tem ampliado a infraestrutura local para conectar escolas públicas remotas. Recentemente, decidiu usar satélites da Telebrás e fibra óptica para garantir internet de alta velocidade a todas as 138 mil escolas públicas do país.
Com a entrada da China na competição por megaconstelações, a liderança da Starlink em número de satélites em órbita pode ser ameaçada, marcando um novo capítulo na corrida tecnológica espacial.