O governo chinês anunciou um investimento de US$ 100 bilhões para a construção de uma ferrovia transoceânica que cruzará o Brasil e o Peru, unindo os oceanos Atlântico e Pacífico. Esse ambicioso projeto visa fortalecer as relações comerciais entre a Ásia e a América do Sul, encurtando as distâncias e facilitando a logística entre os continentes.
As negociações entre os governos de China, Brasil e Peru estão avançadas para viabilizar a construção da ferrovia, que terá um percurso de 4.400 quilômetros no Brasil, passando pelo estado do Acre e chegando até o litoral peruano. Esse projeto faz parte da estratégia chinesa “Cinturão e Nova Rota da Seda,” que busca integrar regiões distantes por meio de investimentos em infraestrutura e parcerias internacionais.
A ferrovia transoceânica é considerada um dos maiores projetos de infraestrutura do mundo e promete revolucionar o transporte de mercadorias entre a América do Sul e a Ásia. Além de encurtar distâncias, a ferrovia reduzirá custos logísticos, beneficiando tanto exportadores sul-americanos quanto o mercado consumidor asiático.
O percurso brasileiro da ferrovia começa no Porto do Açu, no litoral sudeste, e se conecta à Ferrovia Norte-Sul, seguindo até Porto Velho, em Rondônia, e alcançando a fronteira peruana em Cruzeiro do Sul, no Acre. No território peruano, a ferrovia segue até o Porto de Callao, no Oceano Pacífico. Esse trajeto estratégico facilitará a exportação de produtos sul-americanos para a Ásia e fortalecerá o comércio bilateral, que já ultrapassa US$ 490 bilhões anuais.
A construção enfrenta desafios significativos devido à geografia complexa da América do Sul, incluindo a Floresta Amazônica e a Cordilheira dos Andes, que exigem soluções inovadoras para lidar com ecossistemas sensíveis e terrenos acidentados. No entanto, a expertise chinesa em megaprojetos de infraestrutura é vista como um trunfo para superar esses obstáculos.
A ideia de uma ferrovia conectando o Atlântico ao Pacífico foi inicialmente concebida na década de 1950 como a Ferrovia Transulamericana. Em 2008, o governo brasileiro relançou o projeto, batizando-o de Ferrovia Transoceânica, com o objetivo de integrar as regiões do país e impulsionar a economia. Em 2014, Brasil, Peru e China firmaram um acordo para estudos e planejamento do projeto, e a parceria ganhou novo impulso em 2022.
Em agosto de 2024, a China reafirmou seu compromisso com o projeto, anunciando o investimento de US$ 100 bilhões, fortalecendo a Ferrovia Transoceânica como uma prioridade para a iniciativa “Cinturão e Nova Rota da Seda.”