A fortalezense Sabrina Gomes, de 24 anos, enfrenta uma luta desesperadora pela obtenção de uma medicação de alto custo, que pode transformar sua vida. Ela está há dez meses esperando a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) do Ceará fornecer o lutécio, um tratamento essencial para sua condição, com cada dose custando em média R$ 32 mil, sendo necessário um total de quatro doses.
Diagnosticada com Síndrome de Cushing e um timoma — um tumor localizado no tórax — Sabrina convive com uma série de complicações graves, incluindo dificuldades respiratórias, insuficiência renal e pressão alta. O timoma provoca a produção excessiva de ACTH, um hormônio que, em níveis normais, é crucial para o funcionamento do corpo, mas que no caso dela causa uma produção excessiva de cortisol, levando a efeitos adversos severos.
Desde que iniciou o tratamento no Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC) aos 18 anos, Sabrina já passou por três ciclos de quimioterapia, radioterapia e quatro cirurgias. A equipe médica, ao longo do tempo, buscou estabilizar seus níveis hormonais, o que se tornou uma prioridade em função da gravidade de sua condição.
A endocrinologista Ana Rosa Quidute, que acompanha o caso, explicou que o timoma de Sabrina é raro, pois é um tumor que produz hormônio. Apesar da remoção das glândulas adrenais em 2022 ter controlado a produção excessiva de cortisol, o tumor continua a crescer, apresentando atualmente 17 centímetros.
A situação de saúde de Sabrina se agravou nos últimos meses, levando a complicações como a compressão do esôfago, da veia cava e do coração, tornando a remoção cirúrgica do tumor extremamente arriscada. A equipe médica propôs um tratamento alternativo com lutécio, que atua atacando as células tumorais, e já foi realizado um exame que confirmou a viabilidade do uso do radiofármaco em seu caso.
Apesar de uma decisão judicial favorável em março de 2024 que determinou a entrega do lutécio, Sabrina ainda não recebeu o medicamento. A situação se arrasta e, mesmo com novas ordens judiciais para agilizar o processo, a Sesa ainda não finalizou a aquisição.
Em resposta à situação, o coordenador de monitoramento da Sesa, Breno Novais, afirmou que um processo específico para a compra do medicamento está em andamento, mas reconheceu que houve dificuldades na contratação de serviços habilitados para fornecer o tratamento. O processo segue tramitando, respeitando as legislações vigentes, mas a urgência da situação de saúde de Sabrina continua sem solução imediata.
A luta de Sabrina representa um apelo por agilidade no acesso a tratamentos de saúde que podem mudar a vida de pacientes com condições graves, destacando as barreiras enfrentadas por aqueles que dependem do sistema público de saúde.