Em um áudio revelado pela defesa de Vinicius Gritzbach, ex-integrante do Primeiro Comando da Capital (PCC) e delator da facção, a organização criminosa teria oferecido R$ 3 milhões para quem o matasse. Vinicius, que colaborava em um acordo de delação premiada com o Ministério Público de São Paulo, foi assassinado na última sexta-feira (8), em frente ao desembarque do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos.
O áudio teria sido gravado em 2023 e, segundo a defesa de Vinicius, ele capturou uma conversa telefônica por viva-voz entre um investigador do Departamento Estadual de Investigações sobre Narcóticos (Denarc) e um advogado vinculado ao PCC, suspeito de lavar dinheiro para a facção. No áudio, o advogado pergunta ao policial se ele aceitaria matar Vinicius por R$ 300 mil. Após uma troca de provocações, o advogado aumenta o valor para R$ 3 milhões. A gravação faz parte da delação premiada homologada pela Justiça, onde Vinicius delatou tanto membros da facção quanto agentes de segurança envolvidos em corrupção.
Vinicius foi alvejado em plena área de desembarque por dois homens encapuzados e armados com fuzis, que fugiram logo após o crime. Um motorista de aplicativo foi também atingido e morto, enquanto outras três pessoas ficaram feridas no ataque. As câmeras de segurança registraram toda a ação, e a Secretaria da Segurança Pública (SSP) formou uma força-tarefa para investigar o caso, que tem como foco identificar os mandantes e executores do assassinato.
Antes de ser morto, Vinicius havia denunciado cinco policiais civis e um agente penitenciário por extorsão, alegando que agentes do Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) exigiram R$ 40 milhões para interromper as investigações sobre seu possível envolvimento em homicídios de membros do PCC. Ele também havia sido ameaçado pela facção devido a uma dívida não quitada.
Em resposta às denúncias, a SSP afastou preventivamente os policiais civis acusados e oito agentes da Polícia Militar que atuavam como seguranças pessoais de Vinicius, um serviço que é proibido para policiais em serviço. A investigação apura a possível participação de membros do PCC e de outros envolvidos, incluindo policiais e devedores. Até o momento, nenhum suspeito foi preso ou identificado.