Entre junho e dezembro de 2022, período em que planejava um golpe de Estado, o ex-presidente Jair Bolsonaro realizou 12 encontros com três ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). As reuniões estão registradas em um relatório do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), incluído no inquérito da Polícia Federal (PF) que investiga a trama golpista.
Os ministros Kássio Nunes Marques, André Mendonça e Dias Toffoli, considerados os principais interlocutores de Bolsonaro na época, visitaram o então presidente no Palácio do Alvorada. Mendonça e Nunes Marques, ambos indicados por Bolsonaro ao STF, foram os que mais estiveram no local, com seis e cinco visitas, respectivamente. Toffoli, por sua vez, esteve no Alvorada apenas uma vez.
Embora a planilha obtida pela PF registre as datas e horários das visitas, os motivos dos encontros não foram detalhados. O acesso a esses dados, controlado pelo GSI, tornou-se público por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF.
Em entrevista às colunistas Letícia Casado e Raquel Landim, do UOL, Bolsonaro afirmou que os encontros foram apenas “visitas de cortesia”. Nem os ministros envolvidos nem o STF comentaram o assunto.
Apesar das visitas, a Polícia Federal não mencionou os ministros ou as reuniões em seu relatório final. No entanto, documentos encontrados em uma sala do Partido Liberal (PL), utilizada por Bolsonaro e o ex-ministro da Defesa Walter Braga Netto, sugerem um plano para afastar os ministros Alexandre de Moraes, Edson Fachin e Ricardo Lewandowski do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e substituí-los por Nunes Marques, Mendonça e Toffoli.
De acordo com o relatório da PF, o Judiciário era um dos principais alvos da conspiração. Os investigados teriam agido de forma coordenada, com ameaças para restringir a atuação do Poder Judiciário e impedir a posse do governo legitimamente eleito, com o objetivo de manter Bolsonaro no poder.
Mensagens analisadas pela PF indicam que Bolsonaro e aliados esperavam apoio de ministros do STF para o plano. Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin, sugeriu que Bolsonaro poderia “cooptar” os ministros indicados por ele para apoiar a iniciativa.
Detalhes das visitas ao Palácio do Alvorada:
Dias Toffoli – 1 visita
- 9/11 – entrada às 14h14
Nunes Marques – 5 visitas
- 28/6 – entrada às 22h18
- 19/7 – entrada às 19h10
- 10/8 – entrada às 18h05
- 29/8 – entrada às 20h
- 9/11 – entrada às 9h25
André Mendonça – 6 visitas
- 2/6 – entrada às 7h22
- 16/6 – entrada às 12h38
- 3/9 – entrada às 21h
- 5/9 – entrada às 9h25
- 11/11 – entrada às 8h25
- 17/12 – entrada às 12h02