Enquanto o mandato de Mazinho Serafim se aproxima do fim, Sena Madureira vive um dos momentos mais críticos de sua história recente. A administração, marcada por oito anos de gestão controversa, encerra-se em um clima de alta rejeição popular e descrença nas instituições. A promessa de um “governo para o povo” se diluiu em meio a problemas administrativos, escândalos de corrupção e o caos urbano, deixando para o próximo gestor, Gerlen Diniz, uma cidade em frangalhos.
Um legado de abandono
A baixa popularidade de Mazinho Serafim é evidenciada pelo estado da cidade. Sena Madureira enfrenta uma situação de calamidade em áreas essenciais: lixo espalhado pelas ruas, falha crônica no sistema de coleta de resíduos e espaços públicos deteriorados. Apesar das obras tardias realizadas em bairros como a Vitória, que passaram quase oito anos à mercê da lama e do esquecimento, essas ações foram percebidas pela população como tentativas tardias e insuficientes de reverter a opinião pública.
As críticas não se limitam à infraestrutura. Os servidores públicos do município enfrentam atrasos salariais recorrentes e o não pagamento de direitos trabalhistas, como o FGTS. A falta de liquidez administrativa culminou no rompimento do fornecimento de combustível pelo posto que abastecia os veículos oficiais da prefeitura, um símbolo emblemático da falta de governança e planejamento.
Denúncias e problemas judiciais
Mazinho Serafim deixa o cargo sob uma nuvem de investigações conduzidas pelo Ministério Público do Acre (MPAC), Tribunal de Contas do Estado (TCE) e Controladoria-Geral da União (CGU). Entre as diversas irregularidades apontadas, há suspeitas de desvios de verba pública e improbidade administrativa. Esses escândalos reforçaram a desconfiança dos munícipes e desgastaram ainda mais a imagem do prefeito.
Seus principais aliados também sentiram os efeitos do desgaste. O vereador Dos Anjos, um defensor ferrenho do governo, não conseguiu se reeleger, enquanto nomes de oposição, como Dênis Araújo mostraram crescimento eleitoral.
O desafio para Gerlen Diniz
Em 1º de janeiro, Gerlen Diniz assumirá a prefeitura com a herculana tarefa de reorganizar a casa. Entre suas prioridades estão restabelecer a confiança da população, normalizar os serviços públicos essenciais, renegociar dívidas e lidar com o legado financeiro e administrativo herdado de Mazinho.
Será fundamental, também, enfrentar os desafios sociais da cidade, investir em infraestrutura e implementar um plano de recuperação que devolva dignidade às comunidades negligenciadas. Ao mesmo tempo, ele deverá fortalecer a transparência administrativa para romper com o ciclo de escândalos que marcou a gestão anterior.
O desfecho da gestão de Mazinho Serafim é um alerta sobre os perigos do distanciamento entre promessas e realizações. Para a população de Sena Madureira, este é o momento de cobrar responsabilidade e planejamento dos futuros gestores.
As cicatrizes dessa administração ainda serão sentidas por anos, mas com vontade política e participação popular, é possível reconstruir o cenário de uma cidade que tanto clama por dias melhores.
