4 janeiro 2025

85% das famílias enfrentam impacto financeiro com material escolar

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As famílias brasileiras destinaram R$ 49,3 bilhões para materiais escolares em 2024, representando um aumento de 43,7% nos últimos quatro anos, conforme revela uma pesquisa do Instituto Locomotiva e da QuestionPro. Esses gastos afetam 85% das famílias com filhos em idade escolar, e um terço dos consumidores planeja parcelar as compras para o ano letivo de 2025.

A pesquisa ouviu 1.461 brasileiros com mais de 18 anos, entre 2 e 4 de dezembro, e revelou que 90% dos pais de estudantes de escolas públicas e 96% daqueles com filhos em escolas privadas planejam adquirir materiais escolares. Entre os itens mais comprados estão materiais solicitados pelas escolas (87%), uniformes (72%) e livros didáticos (71%).

Os gastos com materiais escolares cresceram de R$ 34,3 bilhões em 2021 para R$ 49,3 bilhões em 2024. Segundo o diretor de Pesquisa do Instituto Locomotiva, João Paulo Cunha, esse aumento afeta tanto famílias de escolas públicas quanto privadas. “Mesmo em escolas públicas, onde teoricamente há fornecimento de materiais e uniformes, os pais frequentemente precisam complementar os itens, o que pesa no orçamento”, explicou Cunha.

Distribuição dos gastos

A maior parte dos gastos foi registrada nas classes B e C, que juntas somaram R$ 37,6 bilhões, representando 76% do total. A região Sudeste lidera com 46% dos gastos, seguida pelo Nordeste (28%). O Norte registrou o menor percentual, com 5%.

O impacto é mais acentuado nas famílias da classe C, onde 95% relataram que os custos afetam o orçamento. Entre os entrevistados, 38% afirmaram que o impacto é grande, 47% disseram que é moderado e apenas 15% relataram que as despesas escolares não interferem no orçamento familiar.

Para lidar com esses custos, 35% das famílias planejam parcelar as compras, sendo que, na classe C, essa proporção sobe para 39%. Por outro lado, 65% pretendem pagar à vista, percentual que aumenta para 71% entre as classes A e B.

Custos crescentes

De acordo com a Associação Brasileira de Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares (ABFIAE), os custos de materiais escolares são impactados pela inflação, custos de produção, frete marítimo e altas do dólar. A entidade projeta um aumento de preços entre 5% e 9% para 2025.

Sidnei Bergamaschi, presidente executivo da ABFIAE, destacou que muitos itens das listas escolares, como mochilas e estojos, são importados. “A alta do dólar e os custos logísticos impactam diretamente o preço final ao consumidor”, afirmou.

A ABFIAE defende programas como o Programa Material Escolar, em que o poder público oferece crédito para estudantes de escolas públicas adquirirem materiais. Esses programas, já implementados no Distrito Federal, São Paulo e Foz do Iguaçu, facilitam o acesso a itens essenciais.

Outro pleito da entidade é a redução de impostos sobre materiais escolares, que em alguns casos representam até 50% do preço final. “Solicitamos na reforma tributária que esses itens fossem incluídos entre os produtos com carga tributária reduzida”, enfatizou Bergamaschi.

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