Estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) alerta sobre o impacto econômico causado pelos gastos com apostas online, como o “Jogo do Tigrinho”. Recursos que poderiam ser destinados a bens e serviços estão sendo redirecionados para jogos de azar, resultando em prejuízos significativos para o estado.
Os gastos com apostas online e cassinos virtuais podem gerar perdas econômicas de até R$ 1,3 bilhão no Acre, segundo uma estimativa da CNC divulgada em 16 de janeiro.
O levantamento mostra que, em 2024, cerca de R$ 240 bilhões foram gastos com jogos de azar em todo o Brasil. Esse montante foi usado como base para calcular os impactos na demanda por bens e serviços, considerando perdas no Produto Interno Bruto (PIB), faturamento da indústria e comércio, e arrecadação de impostos.
Impacto no Acre
No estado, as perdas econômicas foram distribuídas em:
- PIB : R$ 536,26 milhões;
- Faturamento de indústria e comércio : R$ 805,12 milhões;
- Impostos : R$ 27 milhões.
De acordo com o estudo, os consumidores estão redirecionando parte significativa de sua renda para apostas, o que reduz o consumo de bens essenciais e afeta diretamente o comércio varejista. “A epidemia das apostas online representa uma perda significativa para o setor. Com menos recursos destinados a itens essenciais, há uma redução na receita do varejo e no padrão de consumo das famílias”, alerta a CNC.
O levantamento também destaca que cerca de 1,8 milhão de brasileiros ficaram inadimplentes devido a gastos com jogos de azar, sendo as famílias de menor renda as mais afetadas. A maior parte das dívidas está relacionada ao uso de cartões de crédito.
“A relação entre inadimplência e apostas online é clara. Muitas pessoas comprometem uma parte significativa de sua renda com jogos, o que eleva o nível de endividamento e dificuldade financeira”, afirma o estudo.
Felipe Tavares, economista da CNC, defende uma necessidade de regulamentação mais robusta para o setor. Ele sugere, por exemplo, a autorização de cassinos financeiros, que poderia facilitar a arrecadação de impostos e oferecer maior controle.
“A dinâmica de consumo das famílias foi impactada, com recursos sendo desviados de gastos essenciais, como alimentação, educação e saúde, para apostas. Além disso, é preocupante a dificuldade de bloquear menores de idade nas plataformas online e a ausência de mecanismos para proteger jogadores compulsivos, problemas que poderiam ser mais bem administrados em cassinos físicos”, explica o economista.
A discussão sobre a regulamentação das apostas online continua sendo um ponto crítico para minimizar os impactos econômicos e sociais dessa prática.