O dólar iniciou 2025 em alta, sendo cotado a R$ 6,22 nos primeiros minutos do pregão desta terça-feira (02). Investidores estão atentos aos próximos dados do mercado de trabalho dos Estados Unidos, enquanto o cenário fiscal do Brasil continua a preocupar o mercado interno.
O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira (B3), opera em queda neste começo de ano, refletindo as incertezas globais e internas.
No primeiro dia útil de 2025, a agenda econômica é mais enxuta, com destaque para a divulgação dos pedidos semanais de seguro-desemprego nos EUA e os números recentes da China, que indicam um crescimento econômico abaixo do esperado. No Brasil, o foco continua no cenário fiscal, especialmente com os dados do setor público.
Na última segunda-feira (30), o Banco Central do Brasil divulgou que o setor público consolidado (governos federal, estadual e municipais e estatais) registrou um déficit primário de R$ 6,6 bilhões em novembro, uma melhora significativa em relação ao déficit de R$ 37,3 bilhões no mesmo mês de 2023.
Apesar da redução do déficit, o mercado continua preocupado com a capacidade do governo de equilibrar as contas públicas. O Brasil tem como meta zerar o déficit público em 2024 e 2025, conforme o novo arcabouço fiscal, mas a desconfiança persiste.
Se o governo não reduzir os gastos, as expectativas para o controle da dívida pública são menores, tornando o Brasil um país mais arriscado para os investidores. Isso impacta negativamente o real, uma vez que os investidores retiram dólares do país, desvalorizando a moeda brasileira.
O governo brasileiro anunciou um pacote de cortes de R$ 70 bilhões, mas o mercado tem receio de que isso não seja suficiente para atender às necessidades fiscais. Como resultado, o dólar teve uma valorização de 27,35% em 2024, encerrando o ano a R$ 6,1797. Esse foi o maior aumento anual do dólar desde 2020, quando o valor subiu 29,36% devido à pandemia de Covid-19. O Ibovespa, por sua vez, registrou uma queda de 10,36% no ano.
Cotações do dólar e do Ibovespa (02/01/2025 às 10h45):
- Dólar: R$ 6,2077 (+0,45%)
- Ibovespa: 119.364 pontos (-0,76%)
O mercado global também segue repercutindo dados econômicos dos Estados Unidos e da China. Na China, os índices gerentes de compras (PMIs) mostraram um ritmo de crescimento mais lento na indústria do país, gerando preocupações sobre a recuperação econômica de Pequim.
No Brasil, o mercado continua a digerir os dados fiscais, com analistas avaliando positivamente a redução do déficit primário, mas apontando que o pacote de cortes de gastos pode não ser suficiente para garantir o equilíbrio das contas públicas nos próximos anos.
O governo federal precisa seguir com medidas adicionais de austeridade fiscal para evitar um agravamento do cenário econômico, mas há resistência interna a ajustes que impactem diretamente políticas públicas e promessas de campanha, como mudanças na Previdência e em benefícios sociais.