9 janeiro 2025

‘Estou morrendo’: Pepe Mujica revela que câncer se espalhou para o fígado e rejeita novos tratamentos

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O ex-presidente uruguaio José “Pepe” Mujica revelou que o câncer originalmente diagnosticado no esôfago se espalhou.

— O câncer no esôfago está colonizando meu fígado. Não consigo pará-lo — afirmou. — Por quê? Porque sou um idoso e porque tenho duas doenças crônicas.

Em uma entrevista ao jornal Búsqueda, Mujica declarou:

— Não posso fazer nenhum tratamento bioquímico nem cirurgia porque meu corpo não aguenta — disse, acrescentando: — Estou morrendo. O que peço é que me deixem em paz. Que não me peçam mais entrevistas nem nada. Meu ciclo já terminou. Sinceramente, estou morrendo. E o guerreiro tem direito ao seu descanso.

Dessa forma, o líder do Movimento de Participação Popular (MPP) comentou sobre o futuro de seu espaço político após uma votação histórica nas últimas eleições, em que Yamandú Orsi saiu vitorioso. Mujica afirmou sentir-se “orgulhoso” e disse que isso lhe permite “partir tranquilo e agradecido”.

No entanto, destacou que se incomoda com o fato de “inventarem especulações” sobre ele poder desempenhar um papel importante no futuro governo, que tomará posse em 1º de março.

— No dia seguinte à vitória nas eleições, ele veio me ver pela manhã. Nunca mais falei com ele — disse Mujica sobre sua relação com o presidente eleito, afirmando: — Não tenho ideia, não pretendo saber de nada nem quero ver nada, porque o pior que existe é montar um governo.

Mujica e sua esposa Lucía com o presidente do Brasil, Lula Da Silva, em uma de suas últimas aparições — Foto: DANTE FERNANDEZ - AFP
Mujica e sua esposa Lucía com o presidente do Brasil, Lula Da Silva, em uma de suas últimas aparições — Foto: DANTE FERNANDEZ – AFP

Nessa mesma linha, Mujica se definiu como um “velho no final” que deseja “despedir-se de seus compatriotas e simpatizantes”.

— É fácil ter respeito por aqueles que pensam de forma parecida com a nossa, mas é preciso aprender que o fundamento da democracia é o respeito por quem pensa diferente. Por isso, a primeira categoria são meus compatriotas, e deles me despeço. Dou um abraço em todos — afirmou. — Em segundo lugar, despeço-me de meus companheiros e simpatizantes. Tudo o que quero agora é me despedir.

Em outra mensagem com tom político, declarou:

— Não há nada como a democracia. Quando jovem, eu não pensava assim, é verdade. Me enganei. Mas hoje luto por isso. Não é a sociedade perfeita, é a melhor possível.

Por La Nacion — Buenos Aires

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