22 fevereiro 2025

Calor extremo afeta lavouras e ameaça produção de alimentos no Brasil

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O calor intenso dos últimos dias está impactando lavouras de soja, milho e arroz na Região Sul do Brasil, além de plantações de café e frutas no Sudeste. A cada ano, os efeitos das mudanças climáticas sobre a produção de alimentos se tornam mais evidentes, colocando em risco a segurança alimentar.

A climatologista Francis Lacerda, pesquisadora do Instituto Agronômico de Pernambuco, alerta que estratégias agroecológicas podem minimizar esses impactos, mas apenas por tempo limitado. “Ainda existem práticas capazes de reduzir esses efeitos. Porém, em breve, elas não serão mais suficientes”, ressalta.

Uma das principais estratégias sugeridas pela especialista é o reflorestamento aliado a sistemas agroflorestais, nos quais diferentes culturas são cultivadas juntas para promover benefícios mútuos. “Plantar árvores frutíferas ao lado de leguminosas, como feijão e milho, permite que as raízes acessem água em diferentes profundidades e que plantas mais sensíveis à radiação solar sejam protegidas pela sombra das árvores maiores”, explica.

Além disso, a diversificação das lavouras melhora a fertilidade do solo, reduz a incidência de pragas e doenças e diminui a necessidade de agrotóxicos. Essa abordagem também oferece vantagens econômicas aos agricultores, permitindo investimentos menores e garantindo colheitas diversificadas, reduzindo os riscos de prejuízos causados por eventos climáticos extremos.

A climatologista destaca que a agricultura familiar, responsável pela maior parte dos alimentos consumidos no Brasil, tem sido fortemente afetada por mudanças inesperadas no clima. “Os agricultores não conseguem mais seguir os ciclos tradicionais de plantio e colheita. Ondas de calor aumentam a proliferação de insetos, fungos e bactérias, que podem devastar plantações inteiras”, alerta.

Diante desse cenário, Francis defende políticas públicas que incentivem o armazenamento de água e a geração de energia nas propriedades rurais, tornando as comunidades mais autônomas e menos vulneráveis às variações climáticas. “É possível, é acessível e os agricultores estão dispostos a adotar essas práticas”, afirma.

Espécies em risco e soluções urbanas

A crise climática também está afetando plantas nativas dos biomas brasileiros. O umbuzeiro, símbolo do semiárido por sua capacidade de armazenar água nas raízes, está desaparecendo da paisagem, incapaz de se adaptar às mudanças ambientais.

No meio urbano, a climatologista sugere a criação de espaços para o cultivo de alimentos, como hortas comunitárias e farmácias vivas, que promovam o acesso à alimentação saudável e sustentável. No entanto, ela ressalta que essas iniciativas dependem de investimentos e políticas públicas eficazes.

“Quem tem dinheiro consegue buscar comida onde for, mas sem justiça social não há como enfrentar as mudanças climáticas. Precisamos de soluções inovadoras para garantir a segurança hídrica, energética e alimentar tanto no campo quanto na cidade”, conclui Francis.

Via Agência Brasil.

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