Uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) revelou uma melhora na situação financeira das famílias brasileiras. Em janeiro de 2025, o percentual de famílias endividadas caiu para 76,1%, representando uma redução de 0,6 ponto percentual em relação a dezembro e de 2 pontos percentuais em comparação com janeiro de 2024.
A professora Danieli Silveira está entre os brasileiros que conseguiram sair do endividamento. Para isso, reduziu os gastos, evitou compras parceladas e optou por pagamentos à vista. “Estou me policiando e conscientizando que o consumo saudável é a melhor alternativa”, afirmou. Depois de enfrentar dificuldades financeiras, ela agora se considera com as contas sob controle e afirma categoricamente: “Não quero passar por isso novamente”.
O endividamento de Danieli começou com a perda do emprego. “O cheque especial foi o primeiro vilão. Sem renda, passei a usá-lo para pagar contas. Quando consegui voltar ao mercado, a dívida acumulada era alta demais para ser coberta, e então os cartões de crédito passaram a ser usados para cobrir as despesas essenciais”, relatou.
Cartão de crédito segue como principal fonte de dívidas
O cartão de crédito continua sendo o principal meio de endividamento, com 83,9% das famílias endividadas utilizando essa modalidade. Embora esse número represente uma redução de 3% em relação a janeiro, muitas famílias ainda enfrentam dificuldades para quitar seus débitos.
Cesar (nome fictício), técnico em logística, é um dos brasileiros que não conseguirão pagar suas dívidas. A situação financeira da família piorou quando sua esposa precisou se afastar do trabalho para tratar um câncer no fim de 2023. Sem o adicional noturno que ela recebia como enfermeira, os gastos com cartão de crédito aumentaram consideravelmente. “Nossa prioridade agora é a saúde dela e o bem-estar da família”, afirmou. Ele buscou o Procon paulista para renegociar os juros das dívidas e espera conseguir melhores condições de pagamento em breve.
A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) também apontou uma leve redução na inadimplência. Em janeiro, 29,1% das famílias tinham contas em atraso e 12,7% declararam que não conseguirão quitá-las. Em dezembro, esses percentuais eram 29,3% e 13%, respectivamente. Já em janeiro de 2024, os números estavam em 28,3% e 12%.
As dívidas comprometem, em média, 30% da renda familiar. O estudo indica que os consumidores estão adotando um comportamento mais cauteloso, reduzindo gastos e evitando novas dívidas.
Famílias de baixa renda continuam vulneráveis
O levantamento mostrou que as famílias que ganham até três salários mínimos continuam sendo as mais impactadas pelo endividamento. O percentual de famílias dessa faixa de renda com dívidas aumentou para 79,2% em janeiro de 2025, e 18,4% afirmaram que não terão condições de quitar seus débitos.
Mesmo com a melhora no início do ano, a CNC estima que o endividamento das famílias brasileiras voltará a crescer nos próximos meses. A previsão é que os percentuais comecem a subir a partir de março, encerrando 2025 com 77,5% das famílias endividadas e 29,8% inadimplentes.