O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou, nesta sexta-feira (14), que o Brasil adotará medidas de reciprocidade caso o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, cumpra a promessa de aumentar as tarifas de importação contra o país. Durante entrevista à Rádio Clube do Pará, em Belém, Lula declarou: “Se taxar o aço brasileiro, nós vamos reagir comercialmente, denunciar à Organização Mundial do Comércio (OMC) ou aplicar taxações aos produtos importados dos EUA”.
O presidente ressaltou que o Brasil não busca conflitos comerciais, mas garantiu que responderá a eventuais sanções: “Se houver qualquer atitude contra o Brasil, haverá reciprocidade, sem dúvida alguma”.
Trump tem defendido a imposição de tarifas comerciais a países com superávit em relação aos Estados Unidos, incluindo China, México e Canadá. Recentemente, anunciou uma taxação de 25% sobre aço e alumínio importados, revogando isenções e cotas livres de tributos para fornecedores como o Brasil.
Lula destacou que os EUA mantêm um superávit comercial com o Brasil, ou seja, vendem mais ao país do que compram. “Eles importam US$ 40 bilhões de nós, enquanto importamos US$ 45 bilhões deles”, explicou, enfatizando que o Brasil deseja manter relações pacíficas e equilibradas com outras nações.
Postura do governo brasileiro
Na quinta-feira (13), Trump também anunciou que adotará tarifas de reciprocidade contra países que taxarem produtos norte-americanos. Segundo a Casa Branca, essas medidas poderão ser aplicadas nas próximas semanas, após avaliações sobre os impactos bilaterais.
Diante dessas declarações, membros da equipe econômica do Brasil adotam uma postura cautelosa. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o Brasil não precisa temer tais medidas e que o governo aguardará ações concretas antes de se posicionar formalmente. “Não vamos reagir a qualquer sinalização, mas sim ao que for efetivo”, disse Haddad.
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, destacou que o Brasil não representa um “problema comercial” para os EUA. Segundo ele, dos dez principais produtos exportados pelo Brasil para os Estados Unidos, apenas quatro entram sem tarifas alfandegárias, enquanto, entre os dez produtos mais importados pelos brasileiros dos EUA, oito são isentos de impostos.
Relações bilaterais
Durante a entrevista, Lula também mencionou que, em 2025, Brasil e Estados Unidos completarão 200 anos de relações diplomáticas. No entanto, ele afirmou que ainda não conversou com Trump desde sua posse em janeiro. “Não há um relacionamento direto. O Brasil reconhece os EUA como um parceiro comercial relevante e espera que a recíproca seja verdadeira”, concluiu o presidente.
Via Agência Brasil.