Pesquisadores brasileiros criaram um aplicativo inovador para a reabilitação de pessoas que sofreram acidente vascular cerebral (AVC), focando na recuperação de funções motoras e posturais afetadas pela hemiparesia. A ferramenta usa um acelerômetro integrado ao celular para monitorar a inclinação e a postura do paciente, fornecendo feedbacks através de som, vibração e imagens, com o objetivo de corrigir o alinhamento corporal e melhorar a consciência espacial.
A hemiparesia, uma das sequelas mais comuns do AVC, causa perda de força muscular ou paralisia parcial de um lado do corpo, afetando atividades cotidianas como caminhar, cozinhar e até dirigir. A falta de percepção do corpo e o mau posicionamento podem resultar em dores musculares e dificuldades no controle motor. O aplicativo, desenvolvido por Olibário José Machado Neto durante seu doutorado na Universidade de São Paulo (USP), foi criado para ajudar pacientes a reapropriar-se dessas funções, visando restaurar a mobilidade e a postura.
Em colaboração com a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), a pesquisa focou em um software acessível, utilizando recursos comuns de smartphones, como os acelerômetros, para fornecer feedback contínuo aos pacientes. A solução simplificou o design do dispositivo, utilizando apenas um celular preso ao corpo do paciente, ao invés de roupas especiais, facilitando a aceitação entre os usuários.
O desenvolvimento do aplicativo envolveu a participação ativa de fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e pacientes em processo de reabilitação. Durante os testes realizados em centros de reabilitação, os pesquisadores identificaram que a ferramenta não só melhora a postura dos pacientes durante o tratamento, mas também facilita o trabalho dos profissionais de saúde, permitindo que eles se concentrem em outras áreas da reabilitação. Além disso, o uso do aplicativo fora do ambiente clínico está sendo testado, com estudos em andamento para expandir a utilização do software em casa.
O objetivo da equipe é tornar o aplicativo acessível gratuitamente e promover mais pesquisas sobre a hemiparesia, com base nos dados coletados. Para isso, a equipe busca parcerias que ajudem na manutenção e atualização do aplicativo, garantindo sua continuidade e eficiência a longo prazo.