17 março 2025

Crescimento de casos de câncer de pulmão em não fumantes está ligado à poluição, aponta pesquisa

spot_imgspot_imgspot_imgspot_img

A poluição ambiental tem sido apontada como um dos principais fatores para o aumento do câncer de pulmão em pessoas que nunca fumaram, enquanto os casos ligados ao tabagismo começam a diminuir. Essa tendência, observada em uma pesquisa recentemente publicada no The Lancet Respiratory Medicine, destaca a necessidade de estratégias de rastreamento mais eficazes e novas abordagens para lidar com os fatores de risco.

Pesquisadores da França e da China realizaram uma análise epidemiológica abrangente sobre a incidência de quatro tipos principais de câncer de pulmão: adenocarcinoma, carcinoma de células escamosas, carcinoma de pequenas células e carcinoma de grandes células. O estudo comparou dados de 2022 com registros de anos anteriores, revelando importantes mudanças no perfil da doença.

Embora o câncer de pulmão continue a ser a principal causa de morte por câncer no mundo, a incidência está mudando. Até a década de 1970, o carcinoma de células escamosas era o tipo mais prevalente, associado principalmente ao tabagismo, especialmente entre os homens. No entanto, o adenocarcinoma, embora também relacionado ao cigarro, passou a ser o subtipo de câncer de pulmão mais comum, sendo agora ligado a outras causas, incluindo a poluição do ar.

Em 2020, o adenocarcinoma se tornou o tipo dominante de câncer de pulmão, representando 45% dos casos em homens e 59% em mulheres. Observa-se uma queda na taxa de incidência entre os homens e um aumento entre as mulheres. Segundo a oncologista Patrícia Taranto, do Hospital Israelita Albert Einstein, a mudança no padrão de incidência está diretamente relacionada à redução do tabagismo, impulsionada pelas campanhas antitabagismo e pelo maior controle do consumo de cigarro.

A especialista também aponta que até 10% dos casos de câncer de pulmão podem ser atribuídos à poluição, sendo o adenocarcinoma o tipo mais comum nesses casos.

Para o diagnóstico precoce da doença, é recomendado um rastreamento com tomografia de baixa dose, mas apenas para pessoas com alto risco. Esse grupo inclui aqueles com mais de 50 anos, fumantes com uma longa história de consumo (20 anos-maço, ou seja, fumar uma carteira de cigarros diariamente durante 20 anos), e ex-fumantes que pararam de fumar há no máximo 15 anos. O rastreamento precoce tem mostrado um impacto significativo na redução da mortalidade relacionada ao câncer de pulmão.

O estudo enfatiza a necessidade urgente de mais pesquisas para melhorar os métodos de detecção precoce e destaca a importância de controlar fatores de risco, como a poluição do ar. “Com o aumento da incidência do câncer de pulmão relacionado à poluição, é crucial que tomemos medidas para reduzir as emissões de poluentes e melhorar a qualidade do ar, com políticas eficazes de eliminação de carbono”, conclui a oncologista.

Veja Mais