
Um levantamento feito pela plataforma internacional IQ Air revelou que, em 2024, cinco cidades do Acre figuraram entre as dez mais poluídas do Brasil. O município de Sena Madureira ficou em segundo lugar, seguido de Rio Branco em terceiro, Xapuri em oitavo, Manoel Urbano em nono e Santa Rosa do Purus em décimo. A pesquisa, que monitora a qualidade do ar globalmente, destacou a região Norte como a mais afetada.
O índice de poluição do ar foi medido através do Índice de Qualidade do Ar (AQI), que avalia a concentração de partículas finas no ar. Esse índice vai de 0 a 50 µg/m³, sendo considerado seguro pela Organização Mundial da Saúde (OMS) até 5 µg/m³, e chegando a níveis prejudiciais à saúde quando supera 35 µg/m³. Sena Madureira, a cidade com a pior qualidade do ar no Acre, obteve 27,3 µg/m³, enquanto Rio Branco marcou 23,6 µg/m³.
A principal causa dessa poluição é o aumento das queimadas, que cresceram 32% em 2024 em relação ao ano anterior. O estado, enfrentando uma seca severa nos rios e igarapés, experimentou um alto número de incêndios tanto urbanos quanto rurais. Durante o verão, Rio Branco chegou a registrar a pior qualidade do ar entre as capitais, levando à suspensão de aulas em diversos municípios devido à fumaça.

O geólogo Hugo Monteiro, da ONG SOS Amazônia, apontou que o Brasil registrou um aumento de 46% nas queimadas em 2024, contribuindo para a emissão de mais de 180 megatoneladas de carbono na atmosfera. A maioria dos focos de incêndio se concentrou na região Norte, afetando principalmente o bioma amazônico, que sofreu com mais de 140 mil focos de queimada.
As queimadas também afetam os chamados “rios voadores”, correntes de vapor d’água que saem da Amazônia e influenciam o clima em outras regiões do país. Esse fenômeno, associado à alta concentração de CO², resultou até em chuva ácida em estados como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.