
Os policiais militares Gleyson Costa de Souza e Cleonizio Marques Vilas Boas devem passar por audiência de instrução na próxima segunda-feira (14), conforme decisão do juiz Romário Divino Faria, da Comarca de Senador Guiomard, no interior do Acre. Eles são acusados de atirar contra a enfermeira Géssica Melo de Oliveira, de 32 anos, após ela furar um bloqueio policial no município de Capixaba, em 2 de dezembro de 2023. A enfermeira morreu no local.
Os dois agentes foram oficialmente denunciados e se tornaram réus em fevereiro deste ano. A audiência de instrução servirá para reunir depoimentos e provas que irão determinar se os acusados irão a júri popular pelo crime.
Durante a tramitação do processo, a Justiça rejeitou diversos pedidos feitos pela defesa dos policiais, entre eles a reprodução simulada dos fatos, apreensão das armas de fogo e documentos, e até a solicitação de informações sobre a saúde psicológica da vítima. O Ministério Público do Acre (MP-AC) se manifestou contra tais pedidos, considerando-os desnecessários e prejudiciais à imagem da vítima.
Os promotores Vanderlei Batista Cerqueira e Daisson Gomes Teles destacaram que os pedidos buscavam desviar o foco da investigação e promover a revitimização de Géssica, apontada como vítima no caso. O juiz acatou os argumentos do MP e destacou que eventuais dúvidas poderão ser esclarecidas durante a audiência de instrução.
O advogado da família da vítima, Walisson dos Reis Pereira, comemorou a decisão judicial e afirmou que tanto o Ministério Público quanto o juiz agiram para preservar a dignidade da enfermeira.
Relembre o caso
Géssica Melo foi morta no dia 2 de dezembro de 2023 após ser seguida por uma viatura da Polícia Militar. Segundo a versão inicial da PM, ela teria furado um bloqueio policial e estaria armada. Os policiais afirmaram ter encontrado uma pistola 9mm — de uso restrito das Forças Armadas — próximo ao local onde a enfermeira foi morta, na BR-317, já em Senador Guiomard.
A família contestou imediatamente a versão, afirmando que Géssica não portava arma. Durante a investigação, a perícia confirmou que a pistola não pertencia à vítima e que não havia vestígios de seu DNA na arma.
Gleyson Costa e Cleonizio Vilas Boas respondem pelos crimes de homicídio duplamente qualificado e fraude processual. Atualmente, ambos cumprem prisão domiciliar.