A Anvisa determinou, na última semana, a obrigatoriedade da retenção de receita médica para a compra de medicamentos que contenham semaglutida, como o popular Ozempic. A medida visa conter o uso indiscriminado do fármaco, que, apesar de ter como indicação principal o tratamento de diabetes tipo 2, tem sido amplamente utilizado por pessoas que buscam perder peso de forma rápida.
Nos últimos anos, o Ozempic ganhou notoriedade nas redes sociais como uma solução eficaz para o emagrecimento. Sua ação no organismo retarda o esvaziamento gástrico e promove maior saciedade, o que reduz o apetite e contribui para a perda de peso. No entanto, especialistas alertam para os riscos do uso sem indicação médica, especialmente entre pessoas que não possuem diabetes.
“O uso inadequado pode levar a efeitos adversos graves, como problemas gastrointestinais, desidratação, hipoglicemia, inflamações no pâncreas e até impactos renais”, explica a endocrinologista Paula Silveira. Além disso, estudos em animais apontaram possíveis riscos de tumores na tireoide, o que levanta preocupações adicionais sobre a segurança no uso prolongado.
Apesar da eficácia em casos clínicos supervisionados, o uso da semaglutida para emagrecimento ainda gera controvérsias na comunidade médica. Isso porque a medicação não foi originalmente desenvolvida para esse fim e seu uso estético pode mascarar distúrbios alimentares ou incentivar dietas radicais sem acompanhamento profissional.
A nova medida da Anvisa é válida para todo o território nacional e exige que farmácias retenham a receita médica no momento da venda. A iniciativa também busca evitar o desabastecimento para pacientes diabéticos que realmente necessitam do medicamento.