Durante sessão na Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados, nesta terça-feira (8), o deputado bolsonarista Gilvan da Federal (PL-ES) defendeu a morte do presidente Lula (PT). “Por mim, eu quero mais é que o Lula morra”, disse ao comentar a trama golpista e a proposta do deputado Paulo Bilynskyj (PL-SP) para desarmar os seguranças pessoais do petista e dos ministros do governo. Gilvan é o relator do projeto.
Segundo a investigação da Polícia Federal, o grupo golpista tinha como objetivo, em 2022, assassinar o presidente eleito, o vice Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
“Falaram que queriam a morte do Lula, do Alexandre de Moraes, essa loucura que ninguém tem provas. Eu vou te falar e, por mim, eu quero mais é que o Lula morra. Eu quero que ele vá para o quinto dos infernos. É um direito meu”, declarou o bolsonarista.
“Não vou dizer que eu vou matar o cara, mas eu quero que ele morra”, repetiu. “Nem o Diabo quer o Lula, é por isso que ele está vivendo aí. Superou o câncer, tomara que tenha um ataque cardíaco, porque nem o Diabo quer a desgraça desse presidente está afundando o nosso país”, disse, antes de mais uma vez desejar a morte do presidente.
Seguranças de Lula desarmados
Parlamentares bolsonaristas querem proibir os seguranças pessoais do presidente e dos demais ministros do governo de usarem armas.
“Fica vedado o uso de armas de fogo pelos agentes integrantes da segurança pessoal do Presidente da República e de seus Ministros de Estado, ainda que em atividades que envolvam a segurança imediata de tais dignatários”, diz o texto de Bilynsky, parlamentar que ficou conhecido por matar a namorada durante uma troca de tiros dentro do apartamento.
Na justificativa do projeto, o deputado bolsonarista alega que a medida é “coerente com a visão do atual governo de promover uma cultura de paz, reduzir a violência e buscar soluções não violentas para os desafios da segurança”.
“Eu quero que ele morra mesmo e que andem desarmados. Se ele quer desarmar o cidadão de bem, que ele ande com seus seguranças desarmados”, disse Gilvan.
Quem é Gilvan da Federal
Gilvan da Federal, nome político de Gilvan Aguiar da Costa, é um ex-policial federal que ganhou notoriedade mais por suas atitudes polêmicas do que por propostas legislativas. Natural do Maranhão, construiu sua carreira política no Espírito Santo, sendo eleito vereador em 2020 e, dois anos depois, deputado federal pelo PL. Com um discurso agressivo e alinhado à extrema direita, conquistou votos apelando a pautas conservadoras e ao antipetismo, mantendo-se constantemente no centro de controvérsias.
Sua trajetória é marcada por episódios de intolerância, ataques verbais e até ameaças. Já foi denunciado por violência política de gênero, injúria racial e transfobia. Em 2024, envolveu-se em um confronto físico com o senador Marcos do Val em um aeroporto e, mais recentemente, chocou ao afirmar em plenário que desejava a morte do presidente Lula, num ato que extrapola qualquer limite do debate democrático.
O general da reserva Mario Fernandes, um dos envolvidos na Operação “Punhal Verde e Amarelo” – Reprodução
Operação Punhal Verde e Amarelo
As ameaças proferidas por Gilvan da Federal durante sessão na Câmara dos Deputados e a aprovação de um projeto na Comissão de Segurança da Casa coincidem com o agravamento das revelações feitas pela Polícia Federal sobre a trama golpista que visava eliminar lideranças da República.
A investigação pela PF da Operação Punhal Verde e Amarelo desvendou um plano que previa o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro do STF Alexandre de Moraes. Os métodos sugeridos para os atentados incluíam o uso de explosivos e envenenamento.
A apuração policial resultou na prisão de cinco envolvidos, entre eles o general da reserva Mário Fernandes, que havia atuado no governo Bolsonaro e, à época, era assessor do deputado Eduardo Pazuello.
As investigações revelaram que a conspiração foi discutida em novembro de 2022, na casa do general Walter Braga Netto, então candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro.
Dados extraídos dos aparelhos eletrônicos do coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, reforçaram o envolvimento dos acusados. As evidências levaram a Polícia Federal a concluir que Bolsonaro tinha conhecimento do plano — o que embasou seu indiciamento por tentativa de golpe de Estado e, posteriormente, ter sido tornado réu pelo pela Primeira Turma do STF.