14 maio 2025

Municípios do Acre enfrentam escassez de médicos especialistas e Sesacre se posiciona

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Durante uma sessão na Câmara Municipal de Tarauacá, a vereadora Neirimar Lima, a Veinha do Valmar (PDT), fez um apelo direto à Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre) cobrando a presença de mais pediatras no hospital local. A reivindicação da parlamentar, baseada em relatos da própria população, trouxe à tona uma deficiência estrutural que vai além da pediatria: a falta de médicos especialistas em geral nos municípios do interior do estado.

Em resposta à cobrança, a Sesacre divulgou nota reconhecendo a dificuldade na contratação de pediatras e afirmou que o problema é nacional, especialmente em áreas mais remotas. De acordo com a pasta, o governo do estado tem buscado soluções para amenizar a carência desses profissionais, com ações que incluem editais de contratação e articulações junto ao Ministério da Saúde para reforço na Atenção Básica.

No entanto, o cenário de escassez não é exclusivo da pediatria. Municípios do Acre, tanto da região do Juruá quanto do Alto e Baixo Acre, enfrentam uma notável ausência de profissionais em outras especialidades essenciais, como dermatologia, geriatria, cardiologia e ortopedia. A população, muitas vezes, precisa aguardar longos períodos por atendimento ou se deslocar até a capital, Rio Branco, para ter acesso a um especialista.

A falta de médicos nessas áreas afeta diretamente o diagnóstico e tratamento de doenças que poderiam ser facilmente acompanhadas em unidades básicas de saúde, caso houvesse profissionais qualificados. Pacientes idosos, por exemplo, têm enfrentado dificuldades para acompanhamento clínico por geriatras, enquanto doenças de pele, comuns no clima quente e úmido da região, são negligenciadas pela ausência de dermatologistas.

A Sesacre reforçou, em seu posicionamento, que vem atuando para atrair especialistas por meio de incentivos financeiros e contratos temporários, mas destacou que o desafio está relacionado à baixa adesão de profissionais dispostos a atuar em regiões mais distantes e com estrutura limitada. A secretaria também mencionou o planejamento de novos programas de formação médica em parceria com universidades para tentar, a médio prazo, aumentar a presença de especialistas nas cidades do interior.

Enquanto as medidas anunciadas ainda não surtiram o efeito desejado, a realidade nos municípios acreanos continua a mesma: filas de espera, transferências para centros maiores e uma população cada vez mais insatisfeita com o acesso limitado a serviços de saúde especializados. A situação também sobrecarrega os profissionais da rede pública, que muitas vezes atuam em múltiplas funções ou precisam lidar com pacientes fora de sua área de especialização.

A cobrança da vereadora Veinha do Valmar ecoa os pedidos de outras lideranças municipais e comunitárias em todo o estado. Além de mais pediatras, há uma demanda crescente por políticas de interiorização da saúde especializada, com infraestrutura adequada, valorização dos profissionais e planejamento estratégico de longo prazo.

A população, por sua vez, espera que essas reivindicações resultem em ações concretas. O atendimento médico especializado é uma das chaves para prevenir agravos, promover qualidade de vida e garantir o direito básico à saúde, previsto na Constituição. No Acre, esse direito ainda parece distante para muitas comunidades.

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