Um novo projeto de lei no Nepal pretende limitar as permissões de escalada no Monte Everest apenas a alpinistas que já tenham conquistado um pico de, no mínimo, 7.000 metros no país. A medida busca reduzir a superlotação e aumentar a segurança na montanha mais alta do mundo.
O Nepal, que depende fortemente do turismo de aventura, vem sendo criticado por permitir que escaladores inexperientes tentem atingir o cume do Everest, a 8.849 metros de altitude. Essa prática contribui para congestionamentos perigosos na chamada “zona da morte”, onde a falta de oxigênio torna a sobrevivência difícil.
Em 2023, pelo menos 12 alpinistas morreram e outros cinco desapareceram no Everest. Naquele ano, o governo nepalês emitiu 478 permissões para escalada. Em 2022, foram oito mortes registradas.
Pelas novas regras, além de comprovar a escalada de uma montanha de 7.000 metros no Nepal, o sardar (líder da equipe) e o guia que acompanham os expedicionários também precisarão ser cidadãos nepaleses. O projeto já foi registrado na Assembleia Nacional, onde a base governista possui maioria suficiente para aprová-lo.
Operadoras internacionais, no entanto, criticaram a proposta, defendendo que picos de 7.000 metros em outros países também sejam aceitos. “Deveriam considerar montanhas como Ama Dablam, Aconcágua, Denali, entre outras usadas para treinamento”, argumentou Lukas Furtenbach, da empresa austríaca Furtenbach Adventures. Ele também defendeu que guias estrangeiros qualificados, como os certificados pela IFMGA (Federação Internacional de Guias de Montanha), possam trabalhar no Everest.
Garrett Madison, da Madison Mountaineering, dos Estados Unidos, sugeriu ainda que o critério poderia ser a escalada de montanhas a partir de 6.500 metros em qualquer lugar do mundo. “É difícil encontrar picos acessíveis de 7.000 metros no Nepal”, afirmou.
Segundo o Departamento de Turismo do Nepal, o país possui mais de 400 montanhas abertas à escalada, das quais 74 ultrapassam os 7.000 metros. Entretanto, poucas são populares entre os alpinistas, segundo autoridades locais.
“São poucas as montanhas de 7.000 metros que realmente atraem escaladores”, comentou Tashi Lhakpa Sherpa, alpinista que já alcançou o cume do Everest oito vezes.
