5 junho 2025

Pela primeira vez, mulheres são maioria entre médicos no Brasil; total de profissionais pode ultrapassar 1 milhão até 2035

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Alunas de medicina fazem juramento durante formatura: mulheres são maioria pela primeira vez no levantamento Demografia Médica. — Foto: ULBRA Manaus

O Brasil encerrará 2025 com um marco inédito na área da saúde: o país contará com 635.706 médicos em atividade, sendo a maioria formada por mulheres (50,9%). A razão nacional é de 2,98 médicos para cada mil habitantes. Os dados fazem parte do estudo Demografia Médica no Brasil 2025, divulgado nesta quarta-feira (30) pelo Ministério da Saúde em parceria com a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).

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O levantamento, em sua 15ª edição, aponta crescimento acelerado da classe médica no Brasil. Em pouco mais de uma década, o número de profissionais mais que dobrou — em 2010 eram cerca de 304 mil médicos. A projeção é que, mantido o ritmo atual, o país alcance 1,15 milhão de médicos em 2035, com uma densidade de 5,2 por mil habitantes.

Concentração nas capitais e desigualdade no interior

Embora o número de médicos cresça de forma consistente, o estudo alerta para a má distribuição desses profissionais. As capitais continuam com a maior densidade:

  • Sul: 10,26 médicos por mil habitantes

  • Sudeste: 7,33

  • Nordeste: 6,95

  • Centro-Oeste: 6,76

  • Norte: 3,78

Fora das capitais, as disparidades são mais acentuadas. No interior do Norte, por exemplo, a média é de apenas 0,75 médicos por mil habitantes, com casos críticos como Roraima (0,13) e Amazonas (0,20). No Maranhão, a razão é de 2,43 — a menor entre os estados. Já o Sudeste lidera no interior, com média de 2,64, puxado por São Paulo (2,70) e Minas Gerais (2,66).

“Temos uma distribuição desigual de médicos no país. É urgente pensarmos numa carreira de Estado para esses profissionais”, defendeu Heloísa Bonfá, diretora da FMUSP.

Mais mulheres na medicina

A presença feminina na medicina brasileira ultrapassou pela primeira vez a dos homens em 2025. Esse crescimento segue tendência observada desde os anos 2000, quando as mulheres passaram a ser maioria nos cursos de medicina. A expectativa é que, até 2035, elas representem 55,7% da força de trabalho médica no país.

Crescimento histórico e futuro

Em 1980, o Brasil contava com pouco mais de 113 mil médicos. Em 2000, o número saltou para 205 mil; em 2010, eram 304 mil; e em 2020, já somavam 480 mil. O crescimento anual médio de médicos vem superando o da população, principalmente desde 2010, quando a formação de novos profissionais se acelerou.

Especialistas ainda são minoria

Atualmente, 59,1% dos médicos brasileiros têm especialização, percentual abaixo da média dos países avaliados no estudo (62,9%). Nos Estados Unidos, esse índice chega a 87,9%.

A tendência, segundo os pesquisadores, é de que a oferta de médicos continue crescendo, mas a desigualdade regional — especialmente nas áreas mais remotas e no interior — deve persistir sem medidas estruturais para redistribuição e fixação dos profissionais.

Por G1

 

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