A jovem Crislayne da Silva Ribeiro, de 13 anos, aluna do 8º ano da Escola Estadual Dr. Carlos Vasconcelos, em Rio Branco, sonha em ser policial. Ela é uma das estudantes impactadas pelos projetos sociais da Polícia Militar, criados para aproximar a instituição da comunidade e trazer esperança a crianças e adolescentes que buscam mudar de vida através da educação.
Os projetos Semeando o Futuro e Guardiões da Paz oferecem palestras, atividades recreativas e lições de cidadania, fortalecendo o diálogo entre a PM, as escolas e a população. Essa parceria ajuda a melhorar o comportamento dos alunos e promove os direitos humanos e a filosofia de polícia comunitária.
Com mais de 100 anos de história, a PM do Acre atua para manter a ordem pública e proteger a sociedade, sempre com o lema de “servir e proteger”. Nos últimos anos, a corporação vem reforçando ações voltadas para jovens, focando em temas atuais como segurança na internet, cyberbullying, respeito, planos de vida e habilidades de comunicação.
O projeto Guardiões da Paz trabalha mais a prática, ensinando ordem unida, civismo, patriotismo, liderança e comunicação ativa. O sargento Walison Borges de Amorim, que coordena os dois projetos, explica que investir nas crianças e adolescentes é uma forma de prevenir problemas futuros.
“Trabalhar com jovens dá a eles novas perspectivas e os mantém longe da criminalidade. Prevenir é sempre melhor do que remediar”, afirma o sargento Borges, que também participou de um projeto da PM quando era criança e hoje atua ajudando outros jovens a sonhar e mudar de vida.
Segundo ele, a procura pelos projetos aumentou muito, e a parceria entre polícia, escola e comunidade tem trazido ótimos resultados. “Já levamos crianças para conhecer um helicóptero da Segurança Pública. Nosso objetivo é ampliar o horizonte delas”, diz Borges.
Dentro das escolas, a PM trabalha com aproximação e diálogo, cobrando respeito e incentivando sonhos. As palestras abordam comportamentos, infrações e motivam os alunos a acreditar em seu potencial.
A participação nos projetos é para alunos com boas notas e bom comportamento, reforçando valores como esforço e responsabilidade. Essa exigência, no entanto, não impede que a relação entre os policiais e os estudantes seja de confiança e acolhimento.
O sargento Eric David Aguiar, que também atua nos projetos no Segundo Distrito, conta que a maior dificuldade é quebrar a imagem negativa que algumas pessoas têm da polícia.
“Com o tempo, nas aulas e atividades, eles entendem que somos seres humanos como eles, que temos família, brincamos e queremos o bem deles. Assim, conseguimos criar uma relação de confiança”, explica Aguiar.
O projeto não fica restrito aos alunos: a família também é chamada a participar, criando uma rede de apoio mais forte.
“Queremos mostrar que a polícia não é só proteção e segurança, mas também é parceira na formação social e educacional dos jovens”, reforça o sargento.
A jovem Crislayne já sonha alto: quer ser tenente da Polícia Militar. “Quero conhecer de perto como os policiais agem. Antes só via vídeos, agora quero fazer parte”, diz. Ela também conta que, graças ao projeto Guardiões da Paz, perdeu a timidez e aprendeu a se expressar melhor.
Outro aluno participante, Kalebe Santiago, de 12 anos, do 7º ano, também percebeu mudanças. “O projeto me ensinou a ser mais focado nos estudos e a me dedicar mais. Este ano quero participar de novo e conhecer o helicóptero da Segurança Pública”, conta, animado.
A diretora da Escola Estadual Dr. Carlos Vasconcelos, Vânia Azevedo, afirma que a parceria com a PM é fundamental para formar os alunos de forma integral.
“Os projetos ajudam muito no comportamento dos estudantes, dentro e fora da sala de aula, trabalhando respeito e organização”, destaca.
Ela ainda lembra que a aceitação dos pais foi muito positiva. “Todos abraçaram a ideia e entenderam a importância da polícia também como agente educador”, disse.
A coordenadora de ensino, Síria da Silva, que trabalha na escola há 13 anos, já viu o impacto positivo dos projetos na vida dos alunos.
“Melhorou muito a comunicação, a ética e o respeito entre eles. Alguns perderam a vergonha de falar em público e se destacam mais nas atividades”, conta.
Para o tenente-coronel Felipe Russo, comandante do Segundo Batalhão, os projetos mostram que a PM do Acre está investindo no futuro.
“Construímos o futuro agora. Queremos que essas crianças vejam que podem mudar suas vidas e realizar seus sonhos. Nosso trabalho é mostrar que há outros caminhos além da criminalidade”, conclui.