
Pela primeira vez, robôs humanoides participaram oficialmente de uma meia-maratona ao lado de corredores humanos, em um evento realizado neste sábado (19), no distrito de Yizhuang, em Pequim, na China. A corrida, que teve percurso de 21 quilômetros, reuniu milhares de participantes e marcou um momento simbólico no avanço da robótica.
O vencedor da prova foi um atleta humano, que completou o trajeto em 1 hora e 2 minutos. Já o robô mais rápido cruzou a linha de chegada após 2 horas e 40 minutos. A máquina, chamada Tiangong Ultra, é desenvolvida pelo Centro de Inovação de Robótica Humana de Pequim.
Os robôs participantes foram fabricados por empresas chinesas como DroidUP e Noetix Robotics. Com diferentes tamanhos — alguns com menos de 1,20 metro e outros com quase 2 metros de altura — muitos usavam tênis de corrida, e um deles até ostentava uma faixa vermelha com os dizeres “destinado a vencer”, em chinês.
Apesar do bom desempenho de alguns modelos, nem todos conseguiram manter o ritmo. Um robô caiu ainda na linha de largada e permaneceu deitado por alguns minutos antes de retomar a corrida. Outro bateu em um corrimão e derrubou o operador humano que o acompanhava.
Durante a prova, os robôs foram acompanhados por treinadores e técnicos que forneceram apoio físico e monitoraram o funcionamento dos sistemas de navegação. Autoridades locais chegaram a comparar o evento com uma competição de carros de corrida, devido à complexidade técnica envolvida.
Segundo Tang Jian, diretor de tecnologia do centro que desenvolveu o Tiangong Ultra, o desempenho do robô se deve ao uso de pernas longas e a um algoritmo avançado que simula o movimento humano durante uma maratona. Ele revelou que a máquina precisou trocar as baterias apenas três vezes ao longo do percurso.
Robôs nas fábricas e em casa?
Além de chamar atenção pelo ineditismo, o evento reforça os planos da China de investir em tecnologias emergentes como a robótica para impulsionar sua economia. A meta é que, futuramente, esses robôs possam atuar em ambientes industriais, comerciais e até domésticos.
“Daqui a cerca de cinco anos, esses produtos devem começar a aparecer em cenários familiares. Inicialmente com limitações, mas suas capacidades devem evoluir rapidamente”, afirmou Tang.
Ceticismo de especialistas
Apesar do entusiasmo chinês, especialistas internacionais têm dúvidas sobre a real aplicabilidade desses robôs fora de demonstrações públicas. Alan Fern, professor da Universidade Estadual do Oregon, nos Estados Unidos, disse que o software usado para permitir que robôs humanoides corram existe há mais de cinco anos.
“As empresas chinesas têm focado em exibir habilidades como caminhar, correr e dançar. São demonstrações impressionantes, mas não provam que esses robôs são úteis em tarefas práticas”, avaliou.