Dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública do Acre (Sejusp) mostram que, no primeiro quadrimestre de 2024, houve uma redução de 36,56% nos casos de roubo em comparação com o mesmo período de 2023. Esse recuo é atribuído a uma série de ações estratégicas que envolvem desde operações ostensivas até melhorias no monitoramento urbano, integrando diferentes forças de segurança.
A queda mais expressiva foi observada no roubo de veículos. Em 2023, o Acre contabilizou 682 ocorrências dessa natureza, enquanto em 2024 o número caiu para 371 — uma redução de quase 42%. Março foi o mês mais crítico do último ano, com 52 registros, seguido por agosto, que teve o menor índice: 20 ocorrências.
Rio Branco segue como principal foco da criminalidade
Apesar da diminuição geral nos índices, a capital do estado, Rio Branco, continua sendo o principal foco das ações criminosas. Estima-se que mais de 70% dos roubos registrados em 2025 até agora aconteceram na cidade. Em outubro de 2024, por exemplo, dos 180 roubos computados em todo o estado, 129 ocorreram em Rio Branco.
Bairros como Bosque, Centro, Canaã e Capoeira lideram o ranking das regiões mais afetadas pela violência patrimonial. Nessas áreas, a ação de criminosos tem sido mais frequente devido à alta circulação de pessoas, presença de comércios e reduzido número de patrulhamentos fixos em horários críticos.
Estratégias para conter os crimes
Para reverter esse cenário, o governo do estado, por meio da Sejusp, adotou diversas medidas com foco na prevenção e repressão. Entre elas, destacam-se a ampliação do policiamento comunitário, o aumento da presença da Polícia Militar em áreas sensíveis e o uso mais eficiente de tecnologia, como o videomonitoramento em tempo real realizado pelo Centro Integrado de Comando e Controle (CICC).
O uso de câmeras posicionadas estrategicamente nos principais pontos da capital tem contribuído não só para a dissuasão dos criminosos, mas também para acelerar as investigações e localizar autores de delitos em tempo hábil.
Paralelamente, a Polícia Civil, por meio da Delegacia de Combate a Roubos e Extorsões (DECORE), intensificou as ações investigativas. Em janeiro de 2025, por exemplo, foram instaurados cinco novos inquéritos e 15 remetidos ao Poder Judiciário, resultando em 17 indiciamentos e seis prisões. Esses dados mostram o comprometimento das forças policiais em reduzir a sensação de impunidade.
A atuação da inteligência policial
Outro ponto importante foi o fortalecimento da inteligência policial, com cruzamento de dados, análise de padrões de crimes e mapeamento dos horários e locais com maior incidência. Com essas informações, as equipes puderam otimizar o emprego de efetivos e intensificar operações em horários estratégicos, como finais de semana e início da noite.
As operações integradas entre Polícia Civil, Militar, Corpo de Bombeiros e guardas municipais também têm demonstrado eficácia. Em muitos bairros, a simples presença ostensiva já é suficiente para inibir ações criminosas.
A importância da participação da comunidade
A colaboração da população também tem sido considerada essencial no combate aos roubos. O aumento do número de denúncias anônimas, via disque-denúncia e plataformas digitais, tem possibilitado às autoridades agirem de forma mais precisa e célere.
Campanhas educativas em escolas e associações de bairro têm incentivado a população a colaborar com a segurança pública, além de fortalecer a cultura de prevenção e o senso de responsabilidade coletiva.
Expectativas para o restante do ano
O secretário de Segurança Pública, coronel José Américo Gaia, afirma que a meta da gestão é manter a tendência de queda nos crimes patrimoniais. Segundo ele, “a redução significativa nos índices de criminalidade é fruto do trabalho árduo e integrado de nossas forças de segurança. Estamos comprometidos em continuar esse esforço, intensificando as operações e promovendo políticas públicas que garantam a segurança da população”.
Para os próximos meses, estão previstos novos investimentos em tecnologia, reforço no efetivo policial e ampliação das unidades de atendimento integrado em municípios do interior, que ainda carecem de estrutura adequada.
Conclusão
Embora os números absolutos de roubos ainda gerem preocupação, a tendência de queda nas estatísticas aponta que as estratégias adotadas pelo governo estão surtindo efeito. A continuidade dessas ações, aliada à participação ativa da comunidade e ao fortalecimento das instituições de segurança, pode consolidar um novo cenário para o estado: um Acre mais seguro, resiliente e preparado para enfrentar seus desafios urbanos.
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