Depois de adiar por décadas o sonho de ser artista plástica, Josineide Lira, de 52 anos, finalmente viu suas obras ganharem espaço em uma galeria. Natural de Sena Madureira, interior do Acre, ela é a autora da exposição “Menina na Chuva”, que está aberta ao público até o dia 23 de maio, no salão do Tribunal de Contas do Estado do Acre (TCE-AC), em Rio Branco.
Mesmo sendo apaixonada por desenho desde a infância, Josineide enfrentou uma série de obstáculos que a afastaram da arte. “Sempre amei desenhar, mas nunca tive incentivo. Me destacava nos trabalhos da escola, e até os colegas pediam para eu fazer os deles. A professora sempre sabia que era meu”, relembra com bom humor.
Aos 10 anos, precisou sair da casa da mãe por conta de conflitos familiares e foi para a capital trabalhar como babá. Na adolescência, casou-se, concluiu o ensino médio e criou quatro filhos — dois homens e duas mulheres. Durante todo esse tempo, a arte ficou em segundo plano.
Foi só anos mais tarde, já avó, que o contato com um professor de artes das filhas reacendeu a vontade de pintar. Incentivada por ele e inspirada no artista acreano Zé Matos, Josineide começou a retratar pontos turísticos de Rio Branco, como a Gameleira, o Mercado Velho e o Parque da Maternidade. Mas ainda assim, acabou interrompendo os trabalhos por falta de recursos e apoio.
A virada aconteceu recentemente, quando ela conheceu Glicério Gomes, presidente da Associação de Artistas Plásticos do Acre. “Ele me encorajou a fazer uma exposição. Aí tudo mudou. Comecei a pintar novamente e consegui mostrar minhas obras no Palácio das Secretarias”, conta.
“Menina na Chuva” é apenas sua segunda exposição, mas o talento já chama atenção. Os quadros transmitem cenas realistas e poéticas de dias chuvosos, com movimentos sutis que parecem dar vida aos personagens retratados. “É uma alegria que não consigo explicar. Ver minhas telas sendo expostas era um sonho de menina”, disse emocionada durante a abertura da mostra.
Agora, com o apoio que tanto faltou no passado, Josineide quer investir ainda mais na carreira artística. “Quero aprimorar minha técnica e viver da minha arte. Pintar é o que eu amo fazer. É o que me realiza”, finaliza, cheia de planos para o futuro.
