O Acre já registra mais de 60 mortes de pacientes internados com Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em 2025. Os dados constam em boletim atualizado das autoridades de saúde, que também mostram um aumento preocupante no número de internações por doenças respiratórias neste período do ano, historicamente marcado pela maior circulação de vírus respiratórios, como o da Influenza e da Covid-19.
A coordenadora do Programa Estadual de Imunização, Renata Quiles, destacou que a baixa cobertura vacinal entre a população tem sido uma das principais causas para o avanço da doença no estado. Segundo ela, a imunização contra Influenza e Covid-19 segue muito abaixo do ideal, especialmente entre grupos de risco, como idosos, gestantes, puérperas, crianças pequenas e pessoas com comorbidades.
“Temos vacinas disponíveis, seguras e eficazes, mas, infelizmente, a adesão tem sido baixa. Isso tem refletido diretamente no aumento de casos graves e, consequentemente, de óbitos”, afirmou a coordenadora. Ainda de acordo com Renata Quiles, o objetivo é alcançar pelo menos 90% do público-alvo com a vacinação, mas em muitas regiões o índice não chega nem a 50%.
Além da baixa cobertura, outro fator que preocupa os especialistas é a resistência de parte da população à vacina, alimentada por desinformações e mitos disseminados principalmente pelas redes sociais. A falta de campanhas educativas contínuas também é apontada como um obstáculo para o avanço da imunização no estado.
O cenário é agravado pelo aumento da circulação de variantes mais agressivas dos vírus respiratórios. Muitos dos pacientes que evoluíram para casos graves ou que foram a óbito não haviam recebido a vacina atualizada contra Covid-19 ou estavam com o esquema vacinal incompleto, segundo dados preliminares das unidades hospitalares.
O perfil das vítimas de SRAG neste ano indica maior letalidade entre pessoas idosas, com doenças crônicas ou em situação de vulnerabilidade social. “Quando a pessoa tem o sistema imunológico fragilizado e não está protegida pelas vacinas, o risco de complicações é muito maior”, alerta Quiles.
Diante da situação, a Secretaria de Estado de Saúde do Acre tem reforçado o apelo para que a população procure os postos de vacinação. A pasta anunciou uma intensificação das ações de imunização nas próximas semanas, com a ampliação do horário de atendimento em algumas unidades de saúde e ações itinerantes em comunidades mais afastadas.
O Ministério da Saúde já havia alertado para a importância da vacinação como principal estratégia de prevenção contra formas graves de doenças respiratórias. No Acre, no entanto, os números mostram que o apelo ainda não foi suficiente para conter o avanço da SRAG.
Atualmente, a SRAG é uma das principais causas de internação em hospitais públicos do estado. As unidades de terapia intensiva (UTIs) têm registrado aumento na ocupação por pacientes com insuficiência respiratória, quadro comum nas complicações da síndrome. Esse crescimento pressiona o sistema de saúde, que já enfrenta desafios estruturais.
A população, por sua vez, tem se mostrado dividida quanto à importância da vacina. Enquanto parte dos acreanos reconhece a gravidade da situação e busca se proteger, outra parcela ainda reluta, muitas vezes por medo ou falta de informação confiável.
Para os profissionais de saúde, é urgente retomar o diálogo com a comunidade, esclarecendo dúvidas e combatendo fake news. “Vacinar-se é um ato de cuidado coletivo. Quando uma pessoa escolhe não se vacinar, ela coloca em risco a própria saúde e a de todos ao seu redor”, reforça a coordenadora Renata Quiles.
Com a chegada do inverno amazônico, a expectativa é que os casos aumentem ainda mais nas próximas semanas. Por isso, o apelo dos órgãos de saúde é claro: vacinar-se é essencial para evitar novas mortes e reduzir a pressão sobre o sistema hospitalar.