
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) ingressou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar anular a decisão judicial que afastou Ednaldo Rodrigues da presidência da entidade. O recurso foi protocolado nesta quarta-feira (15) e busca garantir o retorno imediato do dirigente ao cargo, que ele ocupava desde março de 2022.
O afastamento de Ednaldo foi determinado pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) em uma decisão que questiona a legalidade do processo eleitoral que o conduziu à presidência da CBF. Segundo os desembargadores, houve irregularidades no acordo firmado entre o Ministério Público e a entidade para definir os termos da eleição, o que, na visão da corte, comprometeria a legitimidade do pleito.
No pedido encaminhado ao STF, os advogados da CBF argumentam que o afastamento de Ednaldo representa uma intervenção indevida do Judiciário na autonomia da entidade esportiva, ferindo inclusive normas estabelecidas pela FIFA, que proíbe ingerência externa nas federações nacionais. A defesa sustenta que o acordo questionado foi legítimo e teve por objetivo promover transparência e representatividade na gestão da confederação.
“O afastamento fere o princípio da segurança jurídica e ameaça a estabilidade da governança no futebol brasileiro. A CBF reitera que todas as etapas do processo foram conduzidas com respaldo legal e sob supervisão dos órgãos competentes”, diz trecho da petição.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) deve ser acionada para emitir parecer sobre o caso antes de qualquer decisão por parte do STF. Até o momento, não há previsão para o julgamento do recurso.
Repercussão no meio esportivo
A situação causou grande repercussão no meio esportivo e político. Diversas federações estaduais e clubes demonstraram apoio público a Ednaldo Rodrigues, que vinha liderando uma série de iniciativas de modernização e combate ao racismo no futebol brasileiro. Nos bastidores, dirigentes temem um novo período de instabilidade institucional na CBF, que historicamente já enfrentou sucessivas trocas de comando marcadas por escândalos e disputas judiciais.
Entidades internacionais, como a FIFA e a Conmebol, também acompanham o caso com atenção. Ambas as organizações têm reiteradamente alertado para os riscos de intervenção judicial nos assuntos internos das federações, o que pode acarretar sanções ao país, incluindo a suspensão de competições internacionais.
Em entrevista recente, Ednaldo Rodrigues afirmou que confia na Justiça brasileira e acredita na reversão da decisão. “Estou tranquilo, porque sei da lisura do processo e do compromisso que temos com o futebol brasileiro. Nossa prioridade sempre foi a inclusão, a transparência e o respeito às regras”, declarou.
Situação atual da presidência
Com o afastamento de Ednaldo, o vice-presidente mais antigo, José Perdiz de Jesus, assumiu interinamente o comando da CBF. Ele afirmou que respeitará os trâmites legais e dará continuidade às atividades administrativas até uma nova deliberação judicial.
Enquanto isso, cresce a expectativa sobre os próximos capítulos dessa disputa que pode alterar os rumos da principal entidade do futebol nacional. A possibilidade de novas eleições ou uma intervenção externa no comando da CBF não está descartada, dependendo do entendimento que o STF adotar sobre o mérito da questão.
A decisão do Supremo, além de determinar o futuro de Ednaldo, pode também criar um precedente importante para outros casos envolvendo a governança de entidades esportivas no Brasil.